Preços baixos da eletricidade não estrangulam solar descentralizado. “Tem é que haver imaginação”, diz Manso Neto
"Instalar um painel não tem nada que saber. Um promotor tem de ter a capacidade par juntar peças", sublinha o gestor.
O CEO da Greenvolt, João Manso Neto, reconhece que a atual conjuntura de preços baixos no mercado grossista da eletricidade é menos favorável para o negócio da energia solar descentralizada, a qual tem sido um dos principais focos da empresa que gere. No entanto, não crê que sejam suficientes para estrangular o setor.
“[Os preços da eletricidade] Não vão [estrangular o setor]. Tem é que haver imaginação. É fundamental”, defende Manso Neto. “Temos de sair um bocadinho da caixa. Quando é fácil qualquer um faz. Nesta conjuntura, menos favorável, é menos óbvio, mas o business case sai“, explicou, à margem da conferência organizada pela Greenvolt esta terça-feira, na Fundação Champalimaud, que se debruça precisamente sobre a inovação neste setor.
Por imaginação, Manso Neto refere-se ao esforço dos promotores não se limitarem a instalar painéis, mas a pensá-los de uma forma mais integrada. “Instalar um painel não tem nada que saber. Um promotor tem de ter a capacidade para juntar peças”, sublinha. As baterias são uma dessas peças, a criação de comunidades de energia outra, exemplifica.
Durante a conferência, como oradora no primeiro painel, a CEO da associação Solar Power Europe, Walburga Hemetsberger, sublinhou que a União Europeia está a tomar algumas medidas para promover a indústria solar no Velho Continente mas que “não são suficientes”, e que têm existido casos de bancarrota e fecho de unidades solares. Defende que se deve promover a indústria na Europa, investindo em empresas de toda a cadeia, mas sem se rejeitar os painéis que vêm da China, o atual líder de mercado, pois “temos de acelerar”.
Manso Neto, alerta, contudo que, apesar de concordar que “importar 90% dos painéis solares da China é um erro”, “criar uma indústria subsidiada e com pouco valor acrescentado” não será uma boa solução. Sugere promover investimento europeu noutros países.
Agora, é implementar as leis e criar incentivos
A alguns dias da votação da reforma do mercado elétrico no Parlamento Europeu, Manso Neto entende que “o diploma é bastante avançado, o que é preciso é implementá-lo. Não fazer mais leis, aplicá-las”. No caso português, indica que o panorama legal para o solar descentralizado tem vindo a avançar “bastante” desde que João Galamba foi secretário de Estado da Energia. Nesse sentido, sublinha a importância de a Direção Geral da Energia e Geologia se ter comprometido a lançar uma plataforma digital para o licenciamento em junho deste ano. Considera ainda importante a criação de incentivos junto da E-Redes, responsável pela rede de baixa tensão em Portugal, para promover a geração distribuída.
Atualmente, a E-Redes é remunerada em função dos quilómetros de rede e subestações e da qualidade de serviço. Se houver um terceiro critério, de “facilitar de forma tecnicamente capaz a geração distribuída e o acesso às redes”, “já se dá um passo importante”.
Quanto às expectativas para o novo Governo, Manso Neto indica que não conta com “grandes diferenças” face ao anterior, no que toca à área da Energia. “Acho que estamos todos do mesmo lado”, diz, assumindo que “não estava pessimista” e assim se mantém.
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