Malparado continua a castigar a banca. Juros baixos também
Os empréstimos em incumprimento ainda pesam no balanço dos bancos. Isto apesar de todos os progressos feitos no setor financeiro português. O alerta é deixado pelo Banco de Portugal.
O crédito malparado continua a ser um dos riscos para os balanços dos bancos portugueses. No Relatório de Estabilidade Financeira, o Banco de Portugal refere que os níveis de crédito em risco ainda estão muito elevados, apesar de todos os desenvolvimentos no setor financeiro nacional. Um cenário que continua a pressionar a rendibilidade dos bancos, em conjunto com as taxas de juro muito baixas e exposição elevada ao soberano e ao imobiliário.
“O elevado nível de ativos não produtivos, a fraca rendibilidade e a exposição ao soberano e a economias de mercado emergentes com quebra de atividade tendem a agravar a perceção dos investidores acerca da qualidade dos ativos das instituições de crédito e, desta forma, a condicionar o acesso aos mercados financeiros internacionais“, de acordo com o documento revelado pelo banco liderado por Carlos Costa.
O elevado nível de ativos não produtivos, a fraca rendibilidade e a exposição ao soberano e a economias de mercado emergentes com quebra de atividade tendem a agravar a perceção dos investidores acerca da qualidade dos ativos das instituições de crédito e, desta forma, a condicionar o acesso aos mercados financeiros internacionais.
“O aumento das imparidades deveu-se, em grande medida, ao elevado fluxo de imparidades para crédito e outros ativos registado pela CGD na sequência do exercício de reavaliação do valor dos seus ativos“, diz o regulador, notando contudo que este efeito é temporário. Ou seja, foi um reconhecimento de imparidades extraordinário.
O governador do Banco de Portugal já tinha afirmado que o crédito malparado deve ser absorvido pelos bancos de forma mais rápida do que no passado. Mas a solução não passará pela criação de um “banco mau”. Esta ideia já foi deixada pelo primeiro-ministro. António Costa salientou que está a trabalhar para criar uma plataforma que permita aos bancos conseguirem encontrar solução para estes créditos em incumprimento.
“É de salientar a importância das medidas tomadas e que venham a ser reforçadas no âmbito da definição de planos de redução de NPL, em linha com as orientações sobre créditos não produtivos dirigidas às instituições de crédito publicadas pelo BCE”, sublinha, notando pela positiva que neste período se assistiu a um “aumento da cobertura por imparidades cria condições propícias para uma redução mais rápida dos ativos não produtivos”. Ou seja, o regulador está satisfeito com a crescente proteção assumida pelos bancos perante créditos em incumprimento.
Juros baixos é ameaça durante algum tempo
Mas além do malparado, a rendibilidade do setor também continua a ser penalizada pelas taxas de juro muito baixas, um cenário que se deve manter durante algum tempo. “O ambiente prolongado de baixas taxas de juro coloca pressão adicional sobre a margem financeira e a rendibilidade do setor bancário nacional, dada a relevância nas carteiras de crédito dos empréstimos concedidas a taxas de juro indexadas e maturidades longas”, afirma o Banco de Portugal.
Outro fator negativo é a elevada exposição ao soberano. “O elevado endividamento das administrações públicas constitui também uma importante vulnerabilidade da economia portuguesa, com potencial impacto direto sobre o sistema financeiro, potenciado pela sua significativa exposição direta ao soberano doméstico.”
Setor regista progressos
Apesar de estes empréstimos em incumprimentos e de as taxas de juro reduzidas continuarem a pesar na rentabilidade dos bancos, houve progressos no setor. O banco central português refere desenvolvimentos na banca como a recapitalização da CGD e a celebração do contrato tendo em vista a venda do Novo Banco, o que permitiu “aumentar a capacidade destas instituições para implementar soluções para o elevado stock de NPL, criando incentivos no mesmo sentido a outras instituições igualmente expostas a este tipo de ativos”, realça o Banco de Portugal.
O regulador refere ainda a entrada de um novo acionista e aumento de capital do BCP, diminuição da exposição do BPI ao BFA e aquisição de controlo do CaixaBank e ainda redução da incerteza associadas aos empréstimos concedidos ao Fundo de Resolução.
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