Galp na Namíbia. Dos primórdios do projeto até à expectativa dos 10 mil milhões de barris
Conheça melhor as várias fases do projeto, desde uma estimativa de sucesso que ia até aos 30%, até à expectativa de entrega de mais de 10 mil milhões de barris, que fez disparar as cotações.
As reservas na Namíbia, que estão a fazer disparar o valor da Galp, têm uma história que remonta a 2012, quando a petrolífera portuguesa se lançou nesse país. Conheça melhor as várias fases do projeto, desde a estimativa de sucesso que ia até aos 30%, até à estimativa de que irá entregar mais de 10 mil milhões de barris.
Corria o ano de 2012 quando a Galp assinou um acordo para a aquisição de uma participação de 14% em três licenças de exploração petrolífera, de áreas localizadas ao largo da Namíbia. Uma localizava-se na bacia de Walvis (PEL 23), e outras duas na bacia de Orange (PEL 24 e PEL 28). É este último bloco, o PEL 28, que tem sido apontado pela Galp como estando a dar sinais promissores, embora entretanto responda por um novo nome: PEL 83.
Na altura, lê-se no relatório e contas de 2012, os principais objetivos dos três prospetos apontavam para um potencial total de oito mil milhões de barris caso se descobrisse petróleo, sendo que a probabilidade de sucesso estava estimada entre os 20% e 30%. No ano seguinte, comprovou-se haver potencial para a existência de petróleo, mas ainda nada de palpável.
A licença de exploração do bloco PEL 83 foi concedida em 2016 a um consórcio liderado pela Galp, que inclui ainda a Corporação Nacional do Petróleo da Namíbia (NAMCOR) e a Custos Energy. Detêm fatias de 80%, 10% e 10%, respetivamente. Esta licença cobre uma área total de 10.000 quilómetros quadrados, que abrange desde águas pouco profundas a águas ultraprofundas.
Em paralelo, a petrolífera portuguesa, que também tinha conseguido assegurar nesse ano uma licença para explorar a área da bacia de Walvis, vendeu o bloco à norte-americana ExxonMobil.
No que dizia respeito à área da bacia de Orange, prosseguiram os trabalhos. Testes e mais testes, cada vez mais aprofundados, para tentar perceber o potencial da área. Os indicadores que foram chegando foram positivos, inclusivamente a descoberta de um “sistema petrolífero funcional” pelas concorrentes Shell e TotalEnergies, numa área próxima, em 2021.
Foi apenas no início deste ano que a Galp reuniu provas mais concretas de que a Namíbia poderia traduzir-se num investimento lucrativo. Em janeiro, a empresa descobriu petróleo leve na bacia de Orange, ficando a faltar dados sobre a viabilidade comercial. Chegaram este domingo, na forma de um número: a estimativa de conseguir extrair 10 mil milhões de barris de petróleo, ou até mais.
Na conferência com analistas, a propósito da apresentação dos resultados financeiros de 2023, o CEO, Filipe Silva, afirmou que estava “muito ciente do valor de produzir na Namíbia tão cedo quanto possível”, pelo que “nada se irá atrasar”. E estimou um investimento total, ao longo de 2024, de 150 milhões de euros.
O próximo passo, de acordo com uma notícia avançada pela Reuters, pode ser mesmo a venda de 40% da participação de 80% que a Galp detém, de momento, no projeto.
Na mesma conferência, o CEO indicou ter em mãos “um processo de um potencial desinvestimento”. Em resposta à hipótese, levantada por um analista, de diluição da participação no projeto, Filipe Silva reiterou: “Vamos analisar todas as opções e o que quer que seja que crie mais valor para os nossos acionistas, vamos considerá-lo a seu tempo. Não estamos à espera de uma decisão de curto prazo sobre este assunto”.
Cronologia
2012: Galp assina acordo para participar em três licenças de exploração petrolífera na Namíbia
2013: Potencial para a existência de petróleo no offshore da Namíbia foi comprovado
2016: Galp assegura duas licenças, uma delas para explorar a PEL 83 (anteriormente PEL 28)
2019: Início de campanha de aquisição sísmica 3D. Galp entrega as Avaliações de Impacto Ambiental para potenciais campanhas de perfuração em ambas as licenças de exploração petrolífera
2020: Análise dos resultados de testes feitos pela empresa em ambas as explorações
2021: Descoberta de petróleo em projetos da Shell e pela TotalEnergies , a cerca de 70 quilómetros da PEL 83, faz com que os parceiros da PEL 83 concordem em entrar no segundo período de exploração de dois anos, com a possibilidade de ser estendido por um ano adicional, até 2024
2022: Galp planeia poço exploratório, a ser perfurado no final de 2023 ou início de 2024
2024: Entre janeiro e março, foram realizados testes nos poços da bacia de Orange, que “têm o potencial de posicionar Mopane como uma importante descoberta comercial”, de acordo com a empresa. Em abril, a empresa veio confirmar: espera conseguir extrair 10 mil milhões de barris de petróleo, ou até mais.
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