Novartis usa inteligência artificial para fazer “match” entre trabalhadores e oportunidades de carreira

Nova diretora de recursos humanos da Novartis Portugal avança ao ECO que a farmacêutica está a usar IA para fazer "match" mais personalizado entre trabalhadores e oportunidades de formação e carreira.

Ao fim de 13 anos na Novartis, Cláudia Ferreira assume agora a liderança dos recursos humanos do ramo português da farmacêutica. Ao ECO, afirma que “acredita e muito” na experiência personalizada dos trabalhadores, sendo que a Novartis já está a usar, revela, a inteligência artificial nesse sentido. A multinacional disponibiliza uma plataforma que faz um match entre os profissionais e as oportunidades de formação e carreira mais adequadas às suas expectativas, explica a responsável, na sua primeira entrevista enquanto diretora de pessoas.

“Não acredito no one size fits all [tamanho único]. Obviamente que temos políticas transversais, mas acredito muito numa experiência personalizada. Já estamos um pouco mais à frente. Estamos a trabalhar com inteligência artificial“, sublinha Cláudia Ferreira, em conversa com o ECO.

De acordo com a responsável, na plataforma digital Talent Match, o trabalhador dá a conhecer não só o seu percurso passado, mas também a sua avaliação atual — “as suas forças e pontos de desenvolvimento” — e as oportunidades que gostaria de ter.

Com base nessa informação, a ferramenta de inteligência artificial procura dentro da Novartis (em Portugal, e não só) as oportunidades que melhor se encaixam nessas expectativas, em termos de formação, funções e de projetos.

“Depois de preencher as informações, o trabalhador vai recebendo pop-ups semanais“, explica Cláudia Ferreira. Ou seja, o trabalhador passa a receber no seu telemóvel alertas de vagas ou de novas ofertas formativas, que estejam em linha com o desejado.

“Não tenho dúvidas de que isto contribui para a fidelização do talento”, reforça a diretora de pessoas, que elege a atração e retenção de talento como um dos desafios atuais.

Recrutar depois de cortar

Neste momento, a Novartis Portugal conta com 234 trabalhadores, “divididos em várias unidades”. Na primavera do ano passado, a farmacêutica reduziu em 20% os seus trabalhadores, numa reformulação interna com vista a sedimentar o foco na inovação.

Já para 2024, Cláudia Ferreira adianta ao ECO que a previsão é “contratar cerca de 5% do headcount“, ou seja, para cerca de 12 posições. Isto desde “funções de liderança a funções estratégicas e core, como medical e marketing“, detalha.

A responsável admite que o recrutamento não tem sido fácil, o que tem levado à aposta em certos pilares, como as oportunidades de progressão, a política de compensação e benefício e uma cultura onde há “abertura para apresentar novas ideias, onde há responsabilidade individual sem ser muito bossy“.

“Criamos as condições necessárias para que os nossos colaboradores ao fim de dois ou três anos mudem de função, ou localmente para uma progressão vertical ou horizontal, ou para experiências internacionais”, adianta a mesma.

Quer saber quanto ganha o seu colega?

Outra das políticas de recursos humanos que a Novartis tem adotado é a transparência salarial, destaca a nova diretora de pessoas. Todos os anos, os trabalhadores recebem uma carta, na qual ficam a saber como compara o seu salário com a média do mercado para as mesmas funções, bem como com os outros ordenados praticados para pessoas com o mesmo emprego.

Consigo ver como me posiciono em termos salariais no mercado e junto dos meus pares. Evita especulação futura sobre este tema da remuneração.

Cláudia Ferreira

Diretora de pessoas da Novartis Portugal

“Consigo perceber quanto ganha quem ganha menos na minha função e quanto ganha quem ganha mais. Ou seja, consigo ver como me posiciono no mercado e como me posiciono junto dos meus pares“, salienta Cláudia Ferreira, que entende que esta política contribui para um “ambiente confortável e saudável“, de honestidade e tranquilidade, no qual é possível ter “conversas reais” sobre compensação.

“Evitar especulação sobre este tema”, acrescenta a responsável, que é formada em Relações Públicas e tem uma pós-graduação em Recursos Humanos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

Novartis usa inteligência artificial para fazer “match” entre trabalhadores e oportunidades de carreira

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião