Compra do Popular pelo Santander junta sindicatos de Portugal e Espanha
Rui Riso vai reunir esta semana, ou na próxima, com os sindicatos do outro lado da fronteira para "fazer um ponto de situação" e "definir ações comuns". Trabalhadores temem impacto da concentração.
Os sindicatos de Portugal e Espanha vão unir esforços e pensar ações conjuntas no dossiê Popular/Santander. O presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas (SBSI), Rui Riso, disse ao ECO que vai reunir esta semana ainda, ou na próxima, com os sindicatos do outro lado da fronteira para “fazer um ponto de situação” e “definir ações comuns”.
Rui Riso especificou que está “a acompanhar” o processo de compra do Popular pelo Santander, por um euro, e tem várias reuniões pedidas. “Esperamos reunir esta semana ou para a próxima com os sindicatos que representam o setor bancário em Espanha para fazer um ponto de situação e definir ações comuns”, disse ao ECO, o também deputado do Partido Socialista.
"Esperamos reunir esta semana ou para a próxima com os sindicatos que representam o setor bancário em Espanha para fazer um ponto de situação e definir ações comuns.”
O responsável explica que o objetivo é “evitar” uma repetição dos casos passados, porque, lembra, “os processos de fusão normalmente têm sido mais favoráveis para os trabalhadores espanhóis em detrimento dos portugueses”, uma referência por exemplo ao caso BBVA/Barclays.
Rui Riso frisa que não se está a referir especificamente a este caso, até porque o Popular, em Portugal, há muito que tem vindo a fazer um ajustamento e reestruturação. De tal forma que, presentemente, só tem 900 trabalhadores. Fonte do banco revelou ao ECO, no início do mês que já saíram os cerca de 300 trabalhadores do banco e já encerraram os 47 balcões.
De acordo com o Expansión, de sexta-feira, o plano que o Santander desenhou para rentabilizar a integração do Popular passa por um corte de aproximadamente três mil postos de trabalho tanto nos serviços centrais como na rede de agências. O jornal espanhol avança ainda que as reduções serão feitas essencialmente através de rescisões voluntárias e reformas antecipadas.
É precisamente este ponto que deixa Rui Riso um pouco mais tranquilo, já que o processo de reestruturação feito em Portugal faz com que a média de idades no Popular seja muito baixa. “Os trabalhadores do Popular são em média muito jovens, não estarão em condições de aderir a um processo de reformas antecipadas”, disse. “Espanha tem muitos mais trabalhadores por isso o processo terá sempre mais impacto em Espanha”, conclui.
"Os trabalhadores do Popular são em média muito jovens, não estarão em condições de aderir a um processo de reformas antecipadas. Espanha tem muitos mais trabalhadores por isso o processo terá sempre mais impacto em Espanha.”
Atualmente, o Santander conta com 22.900 trabalhadores e o Popular com 10.634.
Para perceber o impacto da decisão do Santander comprar o Popular será preciso perceber qual a figura jurídica em que se enquadra a operação. Rui Riso alerta que se se tratar de uma fusão é possível haverá mais cortes. “Se ficarem separados há mais estabilidade nas estruturas do quadro de pessoal”, sublinha. Mas acrescenta: “Nem sei se o Popular vai desaparecer”, desabafa.
Por isso, para tentar esclarecer estas dúvidas, Rui Riso já tem reuniões pedidas com a administração do Santander e do Popular.
Para Rui Riso esta compra “poderá ser um case study já que as condições são exatamente as mesmas de ambos os lados da fronteira. Mas, tendo em conta a dimensão do ajustamento que o setor sofreu dos dois lados da fronteira — “12 mil postos de trabalho perdidos em Portugal, 100 mil em Espanha”, diz Riso –, o presidente do Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas espera que “a experiência espanhola ajude a ter uma visão diferente do assunto”.
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