Pobres têm mais dificuldades no acesso a cuidados de saúde
A conclusão é do Relatório da Primavera da OPSS, que refere também que o SNS, ainda que com limitações, é eficiente.
Os cidadãos com menores rendimentos têm mais dificuldades em aceder a cuidados de saúde, especialmente a serviços como a saúde oral, a saúde mental e medicamentos. Esta é uma das conclusões do documento “Viver em tempos incertos: sustentabilidade e equidade na saúde”, o Relatório da Primavera de 2017, produzido pelo Observatório Português dos Sistemas de Saúde (OPSS).
O documento, divulgado pelo Público (acesso condicionado), aponta para uma relação direta entre pobreza e doença, sendo que os mais pobres, para além da dificuldade de acesso devido a dificuldades financeiras, têm de esperar mais por uma consulta, exame ou tratamento e apresenta uma menor probabilidade de continuarem a acompanhar os tratamentos ou usar o mesmo serviço no ano seguinte.
Assim, quase 20% do quintil mais pobre da população portuguesa deixou de ter acesso a cuidados de saúde devido a dificuldades financeiras, sendo que esta percentagem sobe para cerca de 50% quando se trata de saúde mental e para mais de 50% quando se trata da especialidade de saúde oral. Em relação à compra de medicamentos receitados, cerca de 20% do quintil mais pobre da população abdicou das necessidades devido às dificuldades financeiras.
A despesa recai mais sobre o doente
O documento, que vai ser apresentado esta quarta-feira na Fundação Calouste Gulbenkian, aponta o Serviço Nacional de Saúde português como aquele que consegue fazer tão bem ou melhor que a média dos países da União Europeia (UE), com menos orçamento público.
Tomando como referência a média dos 15 países que integravam a UE antes do alargamento, em 2004, a OPSS constatou que o peso da despesa total no PIB, ou seja, “a parcela da riqueza criada afetada à saúde, não é significativamente divergente, sendo a despesa per capita em saúde, em Portugal, muito mais baixa”.
A compensar este desvio está a despesa do doente, que é uma das maiores destes 15 países analisados. “Para se manterem saudáveis, os portugueses gastam muito mais que a maioria dos europeus, já que se mantém a diminuição do financiamento público da saúde e o aumento das despesas ‘out of pocket’ — pagamentos diretos — por parte da população”, refere o estudo.
No capítulo sobre a sustentabilidade do SNS, os autores começam por afirmar que não conhecem “nenhum estudo sobre a sustentabilidade do sistema de saúde português que abranja todas as dimensões”. Apesar destas limitações, a análise concluiu, “com alguma segurança, que o sistema de saúde português é eficiente”.
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