Há quem “poupe” 709 euros com os novos escalões de IRS. Veja as simulações
Governo decidiu atualizar em 4,6% os nove escalões de IRS, o que resulta num alívio para os trabalhadores dependentes e os pensionistas. Simulações apontam para "poupanças" que chegam aos 709 euros.
Um trabalhador sem filhos que tenha um salário bruto de 1.500 euros vai “poupar” cerca de 47 euros no próximo ano, por efeito da atualização dos escalões de IRS, que o Governo incluiu na proposta de Orçamento do Estado para 2025. Mas há também quem veja o seu rendimento líquido anual subir cerca de 709 euros com essa medida, mostram as simulações feitas pela EY para o ECO.
“No que toca à política fiscal, com relação ao ano de 2025, destacam-se as atualizações dos escalões do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (IRS), em linha com a taxa de atualização que resulta da fórmula” aprovada no verão pelo Parlamento, explica o Governo, no relatório que acompanha a proposta de Orçamento do Estado.
Em concreto, os nove escalões de IRS vão ser atualizados em 4,6%, uma subida substancial em comparação, por exemplo, com a atualização de 3% aplicada pelo anterior ministro das Finanças, Fernando Medina, nos escalões que têm estado em vigor este ano.
E esta atualização tem um reflexo direto na carteira dos portugueses, com poupanças máximas de, por exemplo, a 42 euros no conjunto do ano para quem recebe 1.300 euros por mês, 133 euros para um rendimento mensal de dois mil euros e 709 euros para salários de dez mil euros.
Vamos a casos práticos. Um trabalhador solteiro e sem filhos com um salário bruto mensal de 1.500 euros descontou, no conjunto deste ano, 2.759,41 euros em IRS. No próximo ano, com as alterações previstas no Orçamento do Estado, esse contribuinte vai passar a descontar 2.712,34 euros, o que significa que o seu rendimento líquido anual vai subir 47,07 euros, de acordo com as contas da EY. É o correspondente a uma variação de 0,30%.
Já no caso de um trabalhador também solteiro e sem filhos mas com um salário bruto mensal de dois mil euros, a “poupança” será de 133,4 euros, segundo a mesma consultora. Ou seja, prevê-se uma variação do rendimento líquido anual de 0,66%. É que, neste caso, o IRS total a pagar passará de 4.672,42 euros em 2024 para 4.539,02 euros em 2025.
E um solteiro (sem filhos) com um salário de cinco mil euros? Em 2024, o IRS a pagar é de 20.361,11 euros. Em 2025, será de 20.006,60 euros. Tal significa que, no caso deste contribuinte, o rendimento líquido anual aumentará 354,51 euros, o equivalente a uma subida de 0,85%.
Já um solteiro (também sem filhos) com um ordenado bruto mensal de dez mil euros pode contar com um aumento de 465,39 euros do seu rendimento líquido anual, o corresponde a um aumento de 0,63%. Ou seja, o IRS a pagar, neste caso, passa de 50.849,11 euros para 50.383,72 euros, como mostram as tabelas abaixo.
O que acontece aos salários dos casados?
Também no caso dos contribuintes casados e dos contribuintes com filhos, a EY calcula que o próximo ano será, regra geral, sinónimo de “poupanças” em resultado destas mexidas nos escalões de IRS.
Por exemplo, um casado (dois titulares) sem filhos e um salário bruto de 1.300 euros pode contar com aumento do rendimento líquido de 41,7 euros. Para o conjunto do agregado, a EY calcula um aumento de 83,48 euros, o que equivale à tal subida de 41,7 euros por contribuinte. O mesmo pode esperar um casado com um salário bruto de 1.300 euros mensais com filhos, de acordo com as simulações da EY.
Já no caso de um casado (dois titulares) sem ou com filhos, mas um salário bruto de 2.000 euros, a “poupança” será de 266,81 euros no conjunto do agregado ou de 133,4 euros por contribuinte, por efeito das alterações fiscais prevista na proposta de Orçamento do Estado para 2025, de acordo com a EY.
Mas há exceções à regra da “poupança”, entre os casados, alerta referida consultora. Um casado (um titular) sem ou com filhos e um com vencimento bruto de 1.300 euros mensais verá o seu rendimento líquido anual variar 0%.
Salários mais expressivos sobem mais de 700 euros em termos líquidos
Vejamos agora os exemplos de quem tem salários mais expressivos. Um solteiro com um filho e um ordenado bruto mensal de cinco mil euros pode esperar um aumento do seu rendimento líquido anual de 354,51 euros, no próximo ano. Neste caso, em 2024 o IRS a pagar é 19.761,11 euros, enquanto no próximo será 19.406,60 euros, segundo as contas da EY.
Já um casado (dois titulares) sem filhos com um salário bruto mensal de dez mil terá um aumento do rendimento líquido de 930,78 euros no conjunto do agregado, ou de 465,39 euros por contribuinte, no próximo ano.
Essa poupança regista-se também no caso dos contribuintes casados (dois titulares) com o mesmo ordenado, mas com filhos (um, dois ou três).
É, de resto, neste nível salarial (dez mil euros por mês brutos) que se verifica a maior “poupança” resultante das mexidas nos escalões de IRS, mas no caso dos contribuintes numa outra situação familiar, segundo as contas da EY.
Os casados com apenas um titular (sem filhos ou com um, dois ou três filhos) com esse ordenado vão ter um incremento do seu rendimento líquido anual de 709,02 euros, o equivalente a uma subida de 0,84%. Em concreto, em 2024, esse contribuinte tem a pagar 40.722,22 euros em IRS. Em 2025, terá de descontar 40.013,20 euros.
É de notar que, regra geral, as tabelas de retenção na fonte são atualizadas para refletir (pelo menos, em parte) as alterações feitas nos escalões de IRS. Estas mexidas propostas agora pelo Governo devem, portanto, ter efeitos na carteira logo em janeiro, se o Orçamento do Estado for aprovado.
“Estas alterações correspondem a uma redução do imposto devido, para o mesmo nível de rendimento nominal, que será refletida nas tabelas de retenção na fonte a vigorar a partir de janeiro de 2025“, assegura, nesse sentido, o relatório que acompanha a proposta orçamental.
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