Exclusivo Sete anos depois, quanto custou a venda do Novobanco?
Sete anos depois, o acordo de capital contingente vai finalmente fechar as contas. Novobanco deixa de receber dinheiro do Fundo de Resolução, que ainda vai encaixar dividendos e com a venda de ações.
Criado em 2017 aquando da venda do Novobanco ao fundo Lone Star, o acordo de capital contingente (CCA) vai finalmente ser fechado. O mecanismo injetou milhões e milhões de euros para garantir a sobrevivência do banco. Quanto custou? A fatura ascende a 3,5 mil milhões de euros. Mas o Fundo de Resolução ainda vai encaixar dinheiro com dividendos e a venda de ações.
3.890 milhões de euros
Era o limite contratual da “garantia pública” prestada pelo CCA, que obrigou o Fundo de Resolução a injetar dinheiro no Novobanco sempre que as perdas com um conjunto de ativos tóxicos obrigassem a repor o rácio de capital nos 12,5%.
3.405 milhões de euros
Foi o valor efetivamente injetado pelo Fundo de Resolução no Novobanco ao abrigo do CCA, entre 2018 e 2021, para cobrir as falhas de capital provocadas perdas com ativos problemáticos herdados do BES.
Fonte: Novobanco e Fundo de Resolução
485 milhões de euros
É o valor do CCA que não foi utilizado. O fim antecipado do mecanismo elimina o risco (que já era praticamente nulo) de o Fundo de Resolução ter de realizar novas injeções no Novobanco.
99 milhões de euros
Valor que o Fundo de Resolução pagou ao Novobanco por conta da disputa no tribunal arbitral no valor de 172 milhões de euros, resultando assim numa “poupança” de 73 milhões. O Fundo de Resolução pagou esta compensação com os fundos que foram recuperados de um antigo empréstimo concedido pelo BES ao BESA há mais de dez anos e que o Novobanco dava praticamente como perdido.
Contas feitas, a fatura do CCA ascendeu a 3,5 mil milhões.
124 milhões de euros
Valor de uma terceira arbitragem iniciada pelo Novobanco, à qual se acrescentariam juros de mora que poderiam superar os 30 milhões. O fim do CCA extingue esta responsabilidade contingente para o Fundo de Resolução.
1.000 milhões de euros
O termo antecipado do CCA desbloqueia dos dividendos. Como o ECO revelou, o Novobanco poderá libertar no imediato (e perante autorização do regulador) cerca de 1.000 milhões de euros para os acionistas. Cerca de 130 milhões irão para os cofres do Fundo de Resolução e outros 120 milhões para a Direção-Geral do Tesouro e Finanças (DGTF), cabendo a fatia de leão ao fundo Lone Star, que receberá 750 milhões.
Para o ano existe a perspetiva de dividendos. E ainda a expectativa de um importante encaixe financeiro com a venda de ações do Novobanco. Dinheiro que vai reduzir a fatura do Fundo de Resolução com o banco.
Por outras palavras, dinheiro que vai reduzir a fatura dos bancos (que financiam o Fundo de Resolução) junto do Estado (que emprestou o dinheiro ao Fundo de Resolução para injetar no Novobanco).
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