Centeno nega oposição ao Governo. Objetivo de intervenções é apenas “cumprir” o mandato
Governador do Banco de Portugal garante que instituição procura cumprir o mandato e saiu em defesa de artigo sobre o IRC, que o ministro das Finanças procurou rebater.
O governador do Banco de Portugal garantiu esta sexta-feira que cumpre o mandato da “melhor forma” que sabe, afastando a ideia de estar a fazer oposição ao Governo. Mário Centeno saiu ainda em defesa dos técnicos do regulador que assinaram um estudo sobre o impacto económico do IRC, criticado pelo ministro das Finanças.
“O Banco de Portugal no papel que tem no seu mandato face a República Portuguesa é aconselhar. Posso garantir-lhe que na execução do meu mandato, na relação com todos os ministros das Finanças e primeiros-ministros com quem trabalhei, não há nenhum número que vejam aqui que eles não tenham visto“, afirmou Mário Centeno na conferência de imprensa do “Boletim Económico” de dezembro, em Lisboa, quando questionado sobre o tema.
As declarações de Mário Centeno ocorrem depois de os alertas do governador não estarem a cair bem junto do Governo. O mais recente episódio teve lugar após a publicação de um estudo do Banco de Portugal que estima que a redução do IRC em um ponto percentual pode, afinal, ter um impacto diminuto na atividade económica a longo prazo.
Em entrevista à RTP3, o ministro das Finanças, Joaquim Miranda Sarmento, afirmou não pôr em causa “a qualidade do trabalho”, mas como académico quer “ver a metodologia, os dados” do mesmo. Ainda assim, procurou rebater críticas. “Portugal tem das taxas mais elevadas da UE, mas depois tem receita de IRC relativamente baixa. O que se pretende é o contrário. Taxas baixas e receita elevada”, disse.
Mário Centeno sublinhou que partilha “tudo o que o banco faz e publica com todas as instituições” e defendeu a ‘honra’ do artigo. “Os técnicos que assinaram o texto sobre o IRS são técnicos do BdP. Aquele texto é talvez o mais sério que vi sobre IRC nos últimos anos. Não tem rigorosamente nada que não esteja imbuído de aconselhar a tomada de decisão”, argumentou.
O governador reforçou ainda a posição sobre o número de licenciados em Portugal. “Se vim há umas semana dizer que Portugal tem um número de licenciados crescente foi só porque é isso que os números dizem. Depois podemos gostar mais deles ou menos”, disse.
“É esse e só esse o objetivo: cumprir o mandato do Banco de Portugal da melhor forma que sabemos”, garantiu.
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