Nova SBE cria laboratório para ajudar a resolver “problema de produtividade” do país

Instituto de políticas públicas da Nova SBE lança o laboratório de produtividade. Principal indicador de desempenho será influência das políticas públicas, explica o diretor académico Luís Cabral.

Portugal “tem tudo para ser uma economia de ponta, mas não é”. Porquê? O “problema da produtividade” está a travar esse salto, argumenta Luís Cabral, diretor académico do Instituto de Políticas Públicas da Nova SBE, que esta sexta-feira lança um novo laboratório especificamente dedicado a esse tema. O objetivo, explica ao ECO o também professor universitário, é produzir investigação que ajude os decisores políticos a desbloquear essa situação.

“O laboratório produzirá um conjunto de iniciativas e estudos com vista a tentar compreender melhor quais são as principais componentes da variação do crescimento do nível de produtividade em Portugal e em que medida é que as políticas públicas podem favorecer esse crescimento”, salienta Luís Cabral.

Na visão deste economista, o nível de produtividade em Portugal “tem crescido, mas pouco e muito devagar”. “Continuamos com níveis relativamente baixos“, sublinha o diretor académico.

“Temos bons recursos, tanto recursos físicos (como infraestruturas), como recursos humanos, mas a riqueza de recursos não corresponde a uma riqueza de prestação da economia“, assinala o mesmo.

Ao ECO, Luís Cabral indica que “há vários motivos” para esse fosso entre o que Portugal poderia ser e o que é, a começar pela qualidade da gestão “que não é tão boa quanto poderia ser” e pelo “emparelhamento entre os trabalhadores e as empresas” que deixa a desejar, sem esquecer os custos de contexto, que “dificultam muito a atividade das empresas”.

Temos bons recursos, tanto recursos físicos (como infraestruturas), como recursos humanos, mas a riqueza de recursos não corresponde a uma riqueza de prestação da economia.

Luís Cabral

Diretor académico do instituto de políticas públicas da Nova SBE

Segundo o professor, o novo laboratório não servirá apenas para traçar em detalhe esse cenário, mas também para propor soluções. “Gostaríamos de propor políticas públicas concretas nesse sentido. O nosso principal indicador de performance é conseguirmos influenciar, de alguma forma, as políticas públicas“, explica o diretor académico, que garante que “ficará contente” se, pelo menos, os decisores políticos “prestarem atenção às recomendações e aos estudos”.

A propósito, as áreas de estudo vão incluir: a realocação de recursos entre organizações como motor de aumento de produtividade, a produtividade no setor público, e o papel da educação e formação no aumento da produtividade do trabalho.

E os primeiros resultados deste laboratório deverão ser conhecidos em dezembro, mas a ideia é prolongar o trabalho durante vários anos, até porque o acesso aos microdados necessários “é normalmente restrito”, realça Luís Cabral, em conversa com o ECO.

Para já, o laboratório lança-se em três iniciativas: calls junto dos investigadores da Nova SBE para o desenvolvimento de projetos de investigação-ação; Workshops para análise de problemas e identificação de soluções; E mobilização, capacitação e envolvimento de policy makers relevantes para a necessidade de disponibilização de melhores microdados.

“A ideia é fazer investigação que seja acionável, que possa ser aplicável e não seja apenas um trabalho académico”, remata Luís Cabral, que promete trabalho feito a um ritmo compatível com o dos decisores políticos, para que a academia não se feche, uma vez mais, na sua “torre de marfim”, declara.

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