Donde vem o dinheiro para a oferta do Novo Banco? Do balanço
O Novo Banco vai gastar quase 3 mil milhões caso os investidores aceitem a troca de dívida. Para pagar, conta com dinheiro da venda de ativos (600 milhões em seis meses) e elevada liquidez do balanço.
É uma das perguntas para a qual os analistas e investidores do Novo Banco ainda não tinham resposta. Onde é que o Novo Banco vai arranjar 2,7 mil milhões de euros para pagar aos investidores caso a oferta de troca anunciada no início desta semana tenha sucesso?
Tendo em conta que recorrer à emissão de dívida é uma carta fora do baralho (já que o banco está precisamente a pedir aos detentores de dívida sénior para devolverem as suas obrigações e assumirem perdas), só resta ao Novo Banco recorrer a fundos próprios.
E que fundos são esses e onde estão? Os responsáveis do banco fecham-se em copas, mas o ECO conseguiu apurar junto de fontes de mercado que o Novo Banco está a contar com o produto da alienação de ativos e o buffer de liquidez que tem no balanço.
Venda de ativos não core gera 600 milhões em 6 meses
Segundo apurou o ECO, nos últimos seis meses o banco conseguiu realizar cash no valor de 600 milhões de euros em alienação de ativos não core. Uma tendência que vai continuar nos próximos anos e, caso se concretize a venda do banco ao Lone Star, o Novo Banco vai contar ainda com o mecanismo de capital contingente (garantia do Fundo de Resolução) que lhe permitirá acomodar perdas nos rácios de capital provocadas pela venda de ativos não core de até 3,9 mil milhões de euros.
Nos primeiros três meses deste ano, o ativo do Novo Banco totalizava 51 mil milhões de euros, menos cinco mil milhões do que os 66 mil milhões de euros contabilizados em março de 2016.
13,2 mil milhões de euros para descontar no BCE?
Em termos de liquidez, o banco também conta com uma posição confortável, e segundo as contas trimestrais tinha no final do primeiro trimestre 13,2 mil milhões de euros de ativos elegíveis para descontar no BCE.
Esta segunda-feira, o Novo Banco apresentou aos seus obrigacionistas seniores a proposta de troca de dívida para que possa conseguir uma almofada adicional de capital, de 500 milhões de euros. É uma condição essencial para que se concretize a venda da instituição aos norte-americanos do Lone Star.
“A oferta prevê a compra de todas as obrigações referentes a 36 emissões do Novo Banco, é uma oferta com contrapartida em cash, proporcionará aos seus detentores um preço alinhado com o mercado e é acompanhada por uma operação de solicitação de consentimento de reembolso antecipado (consent solicitation)”, diz o banco no comunicado onde explica a operação. Caso os obrigacionistas aceitem a troca — que é voluntária — o Novo Banco vai ter de desembolsar 2,7 mil milhões de euros em outubro.
A oferta arranca esta terça-feira e termina a 2 de outubro de 2017, com liquidação prevista a 4 de outubro de 2017.
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