Prestação da casa volta a baixar, mas só nos prazos mais longos
Encargos dos créditos à habitação que usam as taxas a 6 e 12 meses recuam para novo mínimo. Contratos que usam Euribor a três meses ficam na mesma. Juros positivos só em meados de 2019, diz o mercado.
O seu crédito à habitação é de taxa variável e revê a prestação este mês? Então prepare-se, porque há novamente boas notícias. Se o seu crédito usar indexantes com prazos mais longos, melhor ainda. Os contratos de crédito à habitação associados às Euribor a seis e a 12 meses revistos em agosto vão beneficiar de um novo alívio de encargos. Os créditos associados à Euribor a três meses não acompanham esse movimento, mas pelo menos não sobem. A prestação fica na mesma.
Assumindo o cenário de um crédito no valor de 100 mil euros, a 30 anos, e com um spread de 1%, o valor da prestação mensal mantém-se nos 306,61 euros, para o caso de quem tem o empréstimo associado à Euribor a três meses. Trata-se de uma nova realidade para essas famílias que, desde a revisão de agosto de 2015, se habituaram a ver nas sucessivas revisões trimestrais novas poupanças de encargos.
Euribor a três meses em estabilização
Esta situação acontece no seguimento da relativa estabilização deste indexante verificada ao longo dos últimos meses, com o mercado a colocar-se praticamente em posição de espera face a uma eventual inversão da política de juros do Banco Central Europeu que ainda não aconteceu. Nem a subida da Euribor a três meses na reta final de julho — depois de Mario Draghi ter dito após a reunião de governadores dos bancos centrais da Zona Euro que precisa de pensar, tendo adiado para o outono uma eventual mexida nos estímulos, — foi suficiente para fazer subir a prestação da casa nos empréstimos que utilizam este indexante.
No caso das famílias cujos créditos estão associados às Euribor a seis e 12 meses, o mês de agosto dita um novo alívio dos encargos. No caso dos contratos associados à Euribor a seis meses, a prestação baixa em 0,5%, assumindo o mesmo cenário. Esta reduz-se em 1,66 euros face ao valor fixado há seis meses, para se situar nos 309,25 euros. No caso dos empréstimos que têm como referência a taxa a 12 meses, a prestação mensal cai 1,4%, para se situar nos 314,61 euros. Ou seja, 4,5 euros abaixo do valor definido há um ano.
"Penso que as Euribor já têm muito pouco espaço para descer. Talvez as médias possam recuar um pouco mais, mas o impacto da descida dos indexantes será muito marginal a partir daqui.”
Certo é que nos últimos meses os indexantes utilizados na maioria dos contratos de crédito à habitação em Portugal têm flutuado, mas sempre em torno de uma banda de valores próximos, sinalizando que o mercado já não oferece muita margem para maiores poupanças nos encargos com as prestações da casa. “Penso que as Euribor já têm muito pouco espaço para descer. Talvez as médias possam recuar um pouco mais, mas o impacto da descida dos indexantes será muito marginal a partir daqui”, defende Filipe Garcia, economista da IMF.
Euribor positiva? Espere até meados de 2019
Apesar dos sinais que apontam para o início do fim do ciclo de quedas dos encargos associados aos empréstimos de taxa variável, a boa notícia para as famílias é que não são esperadas grandes oscilações nos indexantes, pelo menos nos próximos tempos. “Em principio não espero que as médias das Euribor se afastem muito dos valores atuais até ao final do ano. E mesmo se isso acontecer, será provavelmente um impacto pouco significativo”, acredita Filipe Garcia.
"Em principio não espero que as médias das Euribor se afastem muito dos valores atuais até ao final do ano. E mesmo se isso acontecer, será provavelmente um impacto pouco significativo.”
Os futuros para a Euribor a três meses antecipam isso mesmo. De acordo com essa referência, a Euribor a três meses deverá assumir valores cada vez menos negativos, para fechar o ano nos -0,31%. Ou seja, um pouco acima face aos -0,329% que se registam atualmente.
Daí em diante, o rumo continuará a ser de subida, com o mercado a antecipar que este indexante assuma valores positivos a partir da segunda metade do ano de 2019. Contudo, tudo dependerá de duas variáveis: a política monetária do BCE e o excesso de liquidez no mercado monetário. “Do BCE não se espera a subida das taxas de juro este ano, quando muito o anúncio da redução de compras de ativos. Quanto ao mercado monetário, depois de meses de aumento da liquidez em excesso, assiste-se a uma estabilização desde maio, o que pode significar que já atingiu o seu máximo de ciclo”, conclui o economista da IMF.
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