GNR quer patrulhas a pé para poupar os carros
Comando Territorial do Porto da GNR emitiu um aviso a todos os militares para que adotem medidas de contenção em relação aos veículos de patrulha. O PSD quer ouvir a ministra sobre o tema.
As dificuldades orçamentais sentidas pelo Comando Territorial do Porto da GNR levaram já a medidas de contenção mais rigorosas, principalmente no que diz respeito à reparação e manutenção das viaturas de patrulha. Numa comunicação interna enviada a todas as chefias do distrito, o Comando assume tais dificuldades e propõe medidas para poupar o parque de viaturas, que se encontra num grau elevado de degradação.
Na nota a que o Diário de Notícias (acesso livre) teve acesso, pode ler-se que “é absolutamente proibida a autorização de qualquer serviço/aquisição que origine despesa sem prévia emissão da nota de encomenda” e que “o não cumprimento destas instruções poderá fazer incorrer em responsabilidade pelo pagamento dessas despesas aos militares que as autorizarem”.
Para corresponder a estes pedidos, um destacamento territorial do distrito já terá avançado com algumas medidas, das quais fazem parte privilegiar o patrulhamento a pé, mota ou ciclo, quando tal for possível, e aproveitar a margem de 5.000 quilómetros adicionais antes das mudanças de óleo. A justificação para estes pedidos prende-se com “poupar e rentabilizar as viaturas”, mas o aviso é deixado: as medidas “não devem colocar em causa a atividade operacional”.
Questionado pelo jornal, César Nogueira, presidente da Associação Profissional da Guarda, afirmou que, com esta poupança, “irá faltar alguma coisa”, mas que o estado de degradação dos meios de patrulha tem vindo a agravar-se ano para ano: “a evolução desde 2011, desde os tempos da troika, é negativa”.
"É absolutamente proibida a autorização de qualquer serviço/aquisição que origine despesa sem prévia emissão da nota de encomenda.”
O ministério da Administração Interna reduziu, em 2016, a verba atribuída para combustíveis, mas a ministra garantiu perante os deputados do Parlamento que não iria haver carros parados “por falta de combustível”. No entanto, os problemas com os meios de patrulha do Comando Territorial do Porto já eram conhecidos, sendo este o maior comando da GNR do país.
PSD quer ouvir ministra da Administração Interna
O PSD vai pedir a audição da ministra da Administração Interna no parlamento sobre este tema, disse hoje o deputado Carlos Abreu Amorim. O parlamentar social-democrata afirmou à agência Lusa que, quando o PSD interrogou a responsável da pasta da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, sobre os constrangimentos, cortes e cativações nas forças de segurança (GNR, PSP e SEF) a ministra negou a sua existência. Contudo, acrescentou, as notícias agora divulgadas confirmam “a gravidade do problema”.
“As notícias confirmam que temos um problema grave na operacionalidade e eficácia na área da segurança interna. Sabemos que a situação não se resume só ao Porto e que o enfraquecimento das forças de segurança também afeta a PSP e o SEF”, declarou o deputado. Carlos Abreu Amorim, um dos vice-presidentes do Grupo Parlamentar do PSD, criticou ainda o Governo socialista, afirmando que se registou um corte de 26% ao nível da segurança interna.
“Quando se diz que a austeridade acabou, ela continua e põe em causa os serviços de soberania ao contrário do que aconteceu no período em que havia os constrangimentos impostos pela ‘troika’”, considerou o deputado.
Notícia atualizada às 15:00 com a reação do PSD.
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