Sem o JPMorgan da bitcoin, as bolsas têm poucas transações
Embora os investidores sejam atraídos pelos ganhos registados e pela volatilidade, as maiores instituições estão renitentes em entrar, o que gera mais preocupações em relação à liquidez.
A bitcoin precisa de Josh Brown “Downtown” mais do que ele precisa da bitcoin. Brown, CEO da Ritholtz Wealth Management e autor de um blog financeiro famoso, há muito que tem vindo a mostrar ceticismo em relação à moeda digital. É verdade que comprou alguma, reconheceu, “porque essa coisa maldita não vai desaparecer”, justificou.
Ainda assim, Brown, que ajuda a administrar 500 milhões de dólares, ainda não é um convertido, especialmente no que diz respeito às medidas de segurança das bolsas de bitcoins. Ele estudou várias antes de comprar as suas bitcoins com a Coinbase e não ficou impressionado, disse em entrevista. “Não acho que exista algum serviço mais seguro que o outro. É muito cedo para declarar qualquer uma delas como o JPMorgan da bitcoin. Não acho que exista.”
Estas preocupações são o maior obstáculo ao crescimento do mercado de moedas criptografadas como a bitcoin ou o ether, a segunda maior moeda. Embora os investidores sejam atraídos pelos ganhos registados e pela volatilidade, as maiores instituições estão renitentes em entrar, o que gera mais preocupações em relação à liquidez. O desafio para casas de câmbio como a Coinbase e a Gemini Trust é convencer os grandes atores financeiros de que o mercado de 121 mil milhões de dólares para ativos digitais cumpre os padrões do século XXI.
Os perigos são evidentes. A 21 de junho, o ether caiu de 17,81 dólares para 0,10 dólares nas negociações na Coinbase. O motivo foi uma única negociação de 12,5 milhões de dólares — uma das maiores já realizadas — que desencadeou mais vendas. Tudo aconteceu em apenas 45 milissegundos e depois desse período os algoritmos de computador começaram a comprar, o que elevou os preços novamente para 300 dólares em dez segundos. Algumas casas de câmbio de moedas digitais entraram em colapso e os recursos de alguns clientes desapareceram. Tudo isso assusta e afasta os mesmos investidores que essas casas de câmbio precisam para ter sucesso.
A Cumberland Mining, uma unidade da empresa de negociação de alta frequência DRW Holdings, com sede em Chicago, administra vários pedidos grandes de forma privada “porque as casas de câmbio e outros mercados não conseguem gerir esse tipo de liquidez ou não possuem esse tipo de liquidez”, afirmou Bobby Cho, trader de moedas criptografadas da Cumberland. “O mercado é tão fragmentado que a liquidez é fragmentada.”
No coração do comércio de bitcoin está o blockchain, uma espécie de livro-razão distribuído que também é promovido, alto e bom som e com frequência, como a cura para os mercados que aceleraria as compensações, eliminaria atrasos onerosos por operações contestadas e reduziria os custos de capital para os bancos.
Quando Brown comprou as suas bitcoins não sabia que a compra não era garantida pelo blockchain, e sim realizada apenas internamente na Coinbase. Isso gera uma pressão extra sobre os mercados para manter a segurança contra hackers e ladrões. Depois de Brown escrever sobre a compra de bitcoins no seu blog, “as pessoas começaram a gritar que a ‘Coinbase não é para armazenamento!’”, disse ele. Em resposta, um amigo ajudou-o a montar uma carteira para manter as suas bitcoins que é garantida pelo blockchain.
“É como o Velho Oeste, isto ainda é muito incipiente”, disse Richard Johnson, analista de estrutura de mercado da Greenwich Associates especialista em blockchain. Johnson concordou que o tempo necessário e a complexidade da transferência das moedas digitais de uma casa de câmbio para outra “não são aceitáveis” considerando a forma em que os investidores modernos operam, e que embora a Gemini, a GDAX da Coinbase e outras casas de câmbio dos EUA possuam procedimentos sólidos de verificação do cliente, é preciso fazer mais. “Se as pessoas quiserem tornar isto sério para ter transações bancárias reais é preciso que seja melhor e mais fácil de usar.”
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Sem o JPMorgan da bitcoin, as bolsas têm poucas transações
{{ noCommentsLabel }}