Gabriela Figueiredo Dias vai ser a presidente da CMVM

A atual vice-presidente do regulador do mercado de capitais vai assumir a liderança, apurou o ECO. Os empresários fazem um balanço positivo do mandato de Carlos Tavares.

Gabriela Figueiredo Dias será a nova presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), apurou o ECO. A sucessora de Carlos Tavares deverá ser anunciada nos próximos dias.

Mais de um ano depois de ter terminado o seu mandato, Carlos Tavares tem, finalmente, uma substituta. A escolhida para o cargo é a atual vice-presidente do regulador do mercado de capitais, posição que ocupa desde julho de 2015.

Gabriela Figueiredo Dias está na CMVM desde 2007 onde entrou como diretora-adjunta para o departamento internacional e de política regulatória.

Licenciada em Direito pela Universidade de Coimbra, a nova presidente da CMVM começou a sua carreira no exercício da advocacia, tendo integrado sociedades de advogados como a Rodrigo Santiago & Associados e a Miguel Galvão Teles/Soares da Silva. Depois tornou-se consultora jurídica de onde transitou para a CMVM. Paralelamente exerceu a carreira de docente universitária em instituições como a Faculdade de Direito de Coimbra, Universidade Católica, Faculdade de Direito de Lisboa, entre outras.

Balanço positivo de Carlos Tavares

 

Carlos Tavares assumiu a presidência da CMVM em setembro de 2005

Carlos Tavares deixa o regulador de mercado de capitais mais de um ano depois de ter terminado o seu mandato – o segundo à frente da entidade. Convidado por Teixeira dos Santos, na altura ministro das Finanças, Tavares assume a presidência da CMVM em setembro de 2005. É o regresso a Portugal após uma passagem de quase um ano pela Europa, como diretor do órgão da Comissão Europeia GOPA.

Com dez anos à frente da presidência da CMVM, o balanço feito pelos empresários à atuação do ex-ministro da Economia de Durão Barroso é positivo. Apesar da conjuntura difícil com que teve que trabalhar — crise do subprime e o resgate de Portugal — Carlos Tavares deixa um mercado com um valor de 51,5 mil milhões de euros. Em setembro de 2005, quando assumiu o cargo de regulador do mercado, o PSI-20, o principal índice português, apresentava uma capitalização bolsista na ordem dos 45 mil milhões de euros.

Portugal não tem uma bolsa que tenha conseguido relançar e atrair empresas financiando-se no mercado mas isso também é fruto da envolvente política.

Nuno Ribeiro da Silva

Presidente da Endesa Portugal

Jorge Armindo, presidente da Amorim Turismo diz que “Tavares fez um bom trabalho”. Ainda assim o presidente da Amorim Turismo gostava que “a CMVM tivesse mais poderes e não apenas o de fiscalização; deviam atuar mais e até investigar”.

De resto, os empresários contactados pelo ECO adiantam que uma das características que melhor assentam ao regulador é a discrição, e nisso Carlos Tavares parece ter nota 10. Fortunato Frederico, presidente da Kyaia, um dos maiores grupos de calçado nacional diz mesmo que “os últimos tempos foram de muito barulho e o presidente da CMVM não contribuiu para essa barulheira infernal o que do meu ponto de vista é positivo”.

Já Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal reconhece que Carlos Tavares exerceu dois mandatos “num contexto extremamente difícil marcado por casos atípicos como sejam o BES e o BPN”. Para Ribeiro da Silva “Portugal não tem uma bolsa que tenha conseguido relançar e atrair empresas financiando-se no mercado mas isso também é fruto da envolvente política”.

“Os últimos tempos foram de muito barulho e o presidente da CMVM não contribuiu para essa barulheira infernal o que do meu ponto de vista é positivo.”

Fortunato Frederico

Presidente da Kyaia

O caso BES é de resto uma pedra no sapato do regulador, ainda que os empresário adiantem que “não era à CMVM que competia a supervisão”, como refere Armindo Monteiro presidente da Compta. Armindo Monteiro enaltece a postura “low profile de Carlos Tavares numa altura em que o mercado de capitais precisa sobretudo de tranquilidade”.

Sobre o perfil da sucessora os empresários são unânimes “tem que ser alguém experiência profissional”, “com um perfil muito mais técnico e sobretudo tem que ser alguém isento com capacidade para afrontar os poderes que tiver que afrontar”.

O presidente da Compta refere ainda o “excesso de regulamentação que existe sobre os bancos” esperando que essa regulamentação “excessiva não recaia também sobre as empresas”.

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