INE revê em alta: PIB cresce 2,9% no segundo trimestre
O INE revelou há quinze dias que o PIB tinha crescido 2,8%. Esta quinta-feira reviu o valor em alta para os 2,9%, aproximando-se das expectativas dos economistas que esperavam uma subida de 3%.
Há duas semanas, o Instituto Nacional de Estatística revelou que o PIB não acelerou no segundo trimestre, mantendo o crescimento de 2,8% registado nos primeiros três meses deste ano. É certo que são já nove meses em que a economia portuguesa está com um desempenho superior ao da Zona Euro. Ainda assim, o crescimento registado ficou aquém das expectativas que apontavam para os 3%. Esta quinta-feira, o INE reviu em alta o valor para os 2,9% e deu mais pormenores sobre a evolução das várias componentes do PIB.
Ao contrário do que dizia a estimativa rápida, o destaque desta quinta-feira revela que “a procura externa líquida manteve um ligeiro contributo positivo (0,1%) para a variação homóloga do PIB”. Por outro lado, a procura interna acelerou face ao trimestre anterior, “em resultado da aceleração do investimento”, passando de 2,6% para os 2,8%.
Além de rever em alta o crescimento homólogo, o INE também reviu em alta o crescimento em cadeia de 0,2% para os 0,3%. Ainda assim, este valor foi inferior à variação em cadeia registada no primeiro trimestre: 1%. Neste caso, o contributo da procura externa líquida foi mesmo negativa para a variação em cadeia. Verificou-se “uma ligeira redução das exportações de bens e de serviços”, escreve o INE. Por outro lado, a procura interna teve um contributo positivo graças à variação de existências e à formação bruta de capital fixo (FBCF).
Fonte: Instituto Nacional de Estatística
O investimento é o indicador em destaque nestas Contas Nacionais Trimestrais de abril a junho. O crescimento homólogo passou de 7,7% no primeiro trimestre para 9,3% no segundo trimestre. A componente que mais contribuiu para a aceleração da formação brutal de capital fixo (FBCF) no segundo trimestre foi o equipamento de transporte, “influenciada em particular pelo comportamento da componente automóvel”. A componente da construção também acelerou.
Na comparação entre trimestres, foi crucial a evolução da variação de existências, ou seja, o que está em stock. “O contributo da Variação de Existências para a variação em cadeia do PIB foi positivo no 2º trimestre (0,8 pontos percentuais), após o contributo negativo (-0.5 p.p.) registado no trimestre anterior”, explica o INE.
Ainda na procura interna, tanto o consumo privado como o consumo público contribuíram menos para a evolução do PIB na comparação homóloga. “Note-se que a evolução do consumo público a partir do 2º semestre de 2016 foi influenciada pela alteração do período normal de trabalho na Administração Pública de 40 para 35 horas semanais, com o consequente aumento do deflator da componente de remunerações e efeito negativo em volume”, assinala o destaque.
Já no consumo privado, apesar de ter existido investimento em automóveis, as famílias adquiriram menos carros. As despesas com bens duradouros cresceram a um ritmo menos intenso, “devido à desaceleração da aquisição de automóveis“, assinala o INE.
Do lado da procura externa, as exportações de serviços cresceram 13,6% no segundo trimestre, absorvendo parte do impacto do aumento das importações. Além disso, “no 2º trimestre de 2017, a perda nos termos de troca foi menos intensa que a verificada no trimestre anterior”, indica o INE. Este foi um dos motivos que levou o INE a rever o PIB: “Comparando com a Estimativa Rápida para o 2º trimestre, a nova informação de base incorporada, nomeadamente os deflatores do comércio internacional de bens, implicou a revisão em alta das taxas de variação homóloga e em cadeia do PIB para o 2º trimestre de 2017″.
Esta revisão em alta para os 2,9% superam os 2,8% registados no primeiro trimestre deste ano, mas também no quarto trimestre de 2007, no segundo trimestre de 2004 e no segundo trimestre de 2001. Este crescimento económico próximo de 3% só é superado pelos valores do ano de 2000 quando o PIB cresceu mais de 3%. Há praticamente 17 anos que o PIB não crescia tanto num trimestre.
O que tinha dito o INE há duas semanas?
Na primeira estimativa, há quinze dias, o INE revelava que, comparando com os primeiros três meses do ano, a economia cresceu 0,2%, o que representa um abrandamento do ritmo face ao que se vinha a verificar desde a segunda metade do ano passado.
A variação homóloga tinha sido prejudicada pela procura externa líquida que, segundo a estimativa rápida do INE, “registou um contributo ligeiramente negativo”. Ou seja, as exportações cresceram menos do que as importações, o que prejudicou o PIB dos meses de abril a junho.
Já no que toca à procura interna, em termos homólogos os sinais tinham sido positivo: era o investimento que estava a puxar pela procura e a justificar o “contributo positivo elevado, superior ao do trimestre precedente,” adiantou o INE a 14 de agosto.
O mesmo tinha acontecido na análise em cadeia, ou seja, a comparação trimestral: o contributo da procura externa líquida de importações foi negativo, enquanto o da procura interna foi positivo.
(Atualizado pela última vez às 11h58)
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