PIB: “Excelentes números” ou “abrandamento do ritmo”?

  • ECO
  • 14 Agosto 2017

O INE divulgou os números relativos à evolução do PIB. À esquerda fala-se de um ritmo de crescimento sustentável, à direita questiona-se o abrandamento em cadeia.

A economia nacional cresceu 2,8% no segundo trimestre deste ano, igualando o ritmo do primeiro semestre. A informação foi divulgada esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, e ainda que tenha ficado atrás das expectativas de diversas entidades, já está a gerar reações dos partidários. Da esquerda à direita, como veem os políticos os números do PIB?

João Galamba – “Olhar para o futuro com otimismo justificado”

Foi João Galamba, deputado do Partido Socialista, quem iniciou a onda de reações sobre a evolução da economia portuguesa no segundo trimestre, afirmando que esta permite aos portugueses olhar para o “futuro com otimismo justificado” e que a estratégia do Governo é a mais acertada para o país e deve por isso ser “aprofundada”.

“São obviamente ótimos sinais da economia portuguesa, para o futuro e para a confiança. Estes números demonstram que a estratégia atual é acertada e deve ser aprofundada. O crescimento fundamentou-se no investimento e no consumo, ou seja, na procura interna. Estes números não são independentes da aposta de recuperação de rendimentos dos portugueses. São excelentes números que nos permitem olhar com redobrada confiança para o futuro”, declarou Galamba.

O deputado socialista concluiu, sublinhando que “o que o país precisa não é de mudar de estratégia, mas sim aprofundar a atual estratégia seguida por este Governo e que permitiu uma alteração de ciclo económico e que permitiu que os portugueses possam olhar para os seus direitos, para o emprego e para o futuro do país com otimismo justificado”.

Filipe Neto Brandão – “E agora, Passos?”

Filipe Neto Brandão, também deputado socialista, utilizou a sua conta oficial no Facebook para reagir aos números do crescimento do PIB, deixando agora a pressão do lado da oposição: “Hoje, o INE confirmou que Portugal mantém um crescimento, trimestre após trimestre, acima do reclamado então por Passos…”

A críticas são apontadas diretamente para o antigo primeiro-ministro, que terá afirmado que se o Governo fosse bem-sucedido nos campos do défice, dos rendimentos e do crescimento, este “admitiria ‘o voto no PS'”. “E agora, Passos?”, conclui Neto Brandão.

Manuel Caldeira Cabral – “Portugal está a convergir com a Europa”

O ministro da Economia, que no mês passado tinha afirmado que “há alguns sinais de que o segundo trimestre possa ter um crescimento superior a 2,8%“, foi o primeiro membro do Executivo a reagir aos 2,8% de crescimento do PIB no segundo trimestre. “Portugal voltou a crescer e está a convergir com a Europa”, afirmou Caldeira Cabral num debate promovido pela Ordem dos Economistas. “É um crescimento sustentado.”

“Não estamos a crescer apenas utilizando melhor a capacidade instalada”, argumentou o ministro, “estamos a crescer criando mais emprego e mais investimento”.

Joana Mortágua – “É preciso um crescimento do emprego que ande a par com o crescimento da economia”

A deputada bloquista Joana Mortágua relacionou, em declarações na Assembleia da República, o crescimento do PIB com as políticas defendidas pelo seu partido, afirmando que as medidas de recuperação de rendimentos estão a ter consequências positivas na economia.

“Quando verificamos que as políticas de recuperação de rendimentos que o Bloco de Esquerda sempre defendeu estão a dar resultado, teremos mais força, mais argumentos para acelerar, solidificar essas políticas”, afirmou. A deputada defendeu também que o progresso da economia tem de ter em mente as pessoas, deixando claro que “é preciso um crescimento do emprego que ande a par com o crescimento da economia.”

Acerca da relação destes dados do crescimento e as negociações do Orçamento do Estado para 2018, a deputada e dirigente bloquista respondeu que a verificação de que as políticas de recuperação de rendimentos dão resultados económicos dá “mais força, mais argumentos, para acelerar, para solidificar, para aprofundar” essas políticas.

Joana Mortágua usou também os números do crescimento para criticar o discurso do presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, na ‘rentrée’ política social-democrata, no Pontal (Algarve), no domingo. A deputada bloquista considerou surpreendente que o ex-primeiro-ministro não tenha reconhecido que há um ano, no mesmo comício de regresso ao ano político, se enganou quando “anunciou que o desastre económico estava para breve”.

Pedro Passos Coelho não pode querer colar-se a este resultado quando, na verdade, aquilo que ele fez foi criticar todas as medidas que foram tomadas e que levaram ao crescimento económico do país”, sustentou. Por outro, lado, Joana Mortágua argumentou que as críticas que Passos fez ao aumento das pensões mostram que tem “saudades da troika” e está “divorciado da realidade”.

José Matos Rosa – “Há um ano que o ritmo de crescimento em cadeia não era tão baixo”

O deputado do PSD, José Matos Rosa, serviu-se do Twitter para difundir a sua opinião, focando o abrandamento do ritmo do crescimento do primeiro para o segundo trimestre e afirmando que “há um ano que o ritmo em cadeia não era tão baixo”.

Duarte Pacheco – Número são “positivos”, faltam as reformas

O deputado social-democrata Duarte Pacheco reconheceu que os resultados divulgados esta segunda-feira são positivos, mas apelou à concretização de reformas.

“São números positivos e felicitamos os portugueses por isso. Só com o trabalho de muita gente, muitas empresas, foi possível alcançar estes números. Contudo, é preciso ter cuidado. O Governo devia aproveitar um momento da conjuntura favorável – com o turismo em alta e a Europa a puxar por nós – para fazer as reformas de que o país precisa“, disse Duarte Pacheco à Lusa.

Ao mesmo tempo, Duarte Pacheco também alertou para a desaceleração do crescimento em cadeia. “É preciso ter cuidado com a euforia porque, por vezes, as coisas não evoluem como nós desejamos”.

Vasco Cardoso – “Estes dados refletem os limites da situação económica do país”

A estabelecer uma ligação próxima entre o valor do crescimento do PIB e as políticas defendidas pelo seu partido esteve também Vasco Cardoso, que vê o crescimento do PIB como um sinal de que “não é cortando nos salários, nas reformas, nas pensões, nos serviços públicos que a economia pode crescer e o país pode avançar”. O membro da Comissão Política do PCP afirmou que “é precisamente em medidas como o aumento das pensões que o país encontra formas de poder crescer de ponto de vista económico”.

Para além disto, o PCP considera que “estes dados refletem os limites da situação económica do país”, no que diz respeito à balança comercial. “Pensamos que é preciso apoiar a produção nacional e substituir as importações, para defender a produção nacional”. Questionado sobre os efeitos destes número nas propostas do partido para o próximo Orçamento de Estado, o deputado sublinhou “a necessidade de ir mais longe” na reposição de rendimentos, que este define como “direitos”. Esta segunda-feira, Mário Centeno também já garantiu que estes compromissos, assumidos com o Bloco de Esquerda e com o PCP, são para cumprir.

(Notícia atualizada com as reações dos vários partidos)

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