PIB: Costa destaca investimento, PSD reclama louros
Com a revisão em alta do INE, o PIB acelerou para os 2,9% no segundo trimestre, face aos 2,8% do primeiro trimestre. Costa valoriza subida do investimento. PSD fala de medidas do anterior executivo.
Se há duas semanas tinha revelado um número do PIB abaixo das expectativas, esta quinta-feira o INE reviu o crescimento em alta. Afinal, o PIB cresceu 2,9%, uma segunda estimativa que se aproxima das projeções feitas por várias instituições. Estes cinco gráficos mostram o que mudou de um trimestre para o outro.
Em reação, o primeiro-ministro destacou o crescimento do investimento, prevendo que isso se reflita na produção dos próximos meses. “Um dado muito importante que revelam os números do Instituto Nacional de Estatística é que, desta vez, crescemos não só porque aumentou a procura externa, mas também a procura interna numa componente da maior importância que é a do investimento”, afirmou em declarações transmitidas esta quinta-feira pela RTP.
"Estar a haver mais investimento significa que vamos ter maior produção.”
António Costa referia-se ao crescimento homólogo de 9,3% do investimento no segundo trimestre, face aos 7,7% do trimestre anterior. “Estar a haver mais investimento significa que vamos ter maior produção”, projeta o chefe do Governo, assinalando que “nestas estatísticas do crescimento ainda não está a produção que vai resultar dos investimentos que estão a ser feitos”.
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Já João Galamba, deputado socialista, assinalou a aceleração do PIB nominal, aquele que é utilizado para calcular a dívida e o défice em percentagem do PIB. “Como o que interessa para o défice e para a dívida em percentagem é o PIB nominal, isto são excelentes notícias para a evolução do défice e da dívida“, classificou o porta-voz do Partido Socialista.
À direita, para já, a reação veio de Assunção Cristas. “Espero que este Governo continue a preservar essa reforma laboral que foi feita e que está a dar estes frutos no crescimento da economia e que não ceda às pressões dos seus aliados mais à esquerda, que sistematicamente põem a reversão desta legislação em cima da mesa”, defendeu Assunção Cristas, em declarações à Lusa.
"Este crescimento também se deve a muito do trabalho feito na parte laboral e que até agora tem sido preservado por este Governo.”
A líder do CDS considera que “tudo o que seja ter o PIB a crescer é positivo“, mas avisou que é preciso estabilidade na legislação laboral, pedindo ao Governo que não ceda aos pedidos do BE e do PCP. Cristas sublinhou que “este crescimento também se deve a muito do trabalho feito na parte laboral e que até agora tem sido preservado por este Governo”.
Marcelo: “É preciso um pouco mais”
O Presidente da República afirmou que Portugal está “no caminho correto”, mas avisou que “é preciso um pouco mais”. “Tenho falado em 3% ou acima de 3%”, reforçou. Marcelo Rebelo de Sousa assinalou o problema da Autoeuropa como um dos dados a acompanhar: “Não é indiferente a capacidade de exportação da Autoeuropa no resultado do crescimento no final do ano“.
Apesar de realçar que esta revisão em alta “é um bom resultado, uma boa notícia”, o Presidente realçou que o que importa é o valor do total do ano. “É preciso ir acompanhando o que se passa lá fora, mas também a evolução da nossa economia neste final do ano”, reforçou Marcelo, em declarações transmitidas esta quinta-feira pela RTP.
PSD reclama os louros
O PSD saudou também a revisão em alta do crescimento económico, que atribuiu à conjuntura internacional e a medidas do anterior executivo, defendendo que o mérito do atual Governo é o que “não estragou”. “A quota de mérito deste Governo é o que resta do que não estragou do que vinha de trás”, defendeu o deputado Álvaro Campos Ferreira, em declarações aos jornalistas no parlamento, referindo-se ao crescimento de 2,9% da economia portuguesa no segundo trimestre.
Campos Ferreira começou por expressar a congratulação do PSD “pelos resultados na economia”, considerando que “há duas fontes” que o justificam, a começar nas “bases que o Governo anterior deixou”, com “um conjunto significativo de reformas, na área laboral, na área tributária, de incentivos e uma atmosfera criada junto do tecido empresarial para que as empresas se vocacionassem ainda mais para a exportação”.
Em segundo lugar, o PSD considera que o crescimento se deve aos “bons estímulos externos que a economia portuguesa está a ter. “Ao contrário do que foi sempre a teoria deste Governo, de que a economia cresceria com base no consumo interno, tem-se verificado que o crescimento económico que Portugal tem tido é fruto daquilo que são os estímulos internacionais, do comércio internacional”, argumentou.
Campos Ferreira defendeu ainda que esta conjuntura internacional positiva “não está a ser devidamente aproveitada por este Governo”, apontando que, no crescimento trimestre a trimestre, só a Finlândia cresceu menos do que Portugal. “Significa que há aqui uma desaceleração daquilo que é a atividade económica. Previsões dos diversos organismos estabelecidas vão ser cumpridas”, declarou.
Bloco diz que é “boa notícia”, mas “muito poucochinho”
A coordenadora do Bloco de Esquerda (BE), Catarina Martins, afirmou que o crescimento da economia é uma “boa notícia”, mas ainda é “muito poucochinho” para “tanto” do que foi destruído nos últimos anos.
“Nós achamos, naturalmente, que são boas notícias, o crescimento da economia tem vindo a afirmar-se ao longo do tempo, mas nós sabemos que ainda é muito poucochinho para tanto do que foi destruído nos últimos anos. A economia portuguesa ainda tem muito de recuperar, no entanto, são sinais bons estes”, disse durante uma arruada em Matosinhos, no distrito do Porto, na companhia do candidato do BE à câmara local.
Para a bloquista, estes “sinais positivos” mostram que a estratégia de tratar bem as pessoas e de recuperar salários e pensões é a estratégia que o país tem de seguir. “Ouvimos durante tanto tempo que só teríamos crescimento económico se baixássemos os custos de trabalho, se privatizássemos a Segurança Social e se cortássemos pensões, bem não é verdade, uma política de recuperação de rendimentos de quem trabalha e trabalhou uma vida é aquela que faz a economia reagir e a que pode trazer boas notícias”, frisou.
(Atualizado às 19h31 com as reações do PSD e do BE)
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