Com subida do rating, Portugal já pensa emitir dívida na China

Mário Centeno confirmou que os planos para emitir dívida na moeda chinesa deverão estar concluídos em breve. IGCP fica com a porta escancarada depois da saída de Portugal do "lixo".

O primeiro-ministro de Portugal, António Costa, com o homólogo chinês, Li Keqiang em 2016NAOHIKO HATTA / POOL

A dívida pública portuguesa já não é “lixo” para a Standard & Poor’s (S&P). Portugal estava preso por um fio ao programa de compra de ativos do banco central, na medida em que, entre as quatro agências reconhecidas pelo BCE, só a pequena agência canadiana DBRS colocava o país num grau de investimento. Agora, com duas agências a reconhecer qualidade nas obrigações do Tesouro português, e outras duas com perspetivas positivas em relação ao país, o IGCP estará prestes a fechar os planos de emissão de dívida portuguesa… na China.

Foi em maio que surgiu, pela primeira vez, a notícia: Mário Centeno disse que Portugal estava a preparar-se para emitir títulos de dívida pública em renmimbi, a moeda chinesa. “É uma forma de alargar a nossa base de investidores e de atrair financiamento”, disse o ministro das Finanças na altura. Desde então, muita água correu por debaixo da ponte: primeiro, a Fitch elevou o outlook do país para “positivo”, abrindo a porta a uma subida da notação no próximo dia 15 de dezembro, a data marcada para a próxima avaliação.

Segundo, a própria Moody’s, a mais maldisposta das agências de rating, também já elevou a notação atribuída à dívida pública portuguesa, embora não tenha previsto qualquer revisão à avaliação dada ao país até ao final do ano. Agora, com a decisão inesperada da S&P de realizar uma subida o rating sem sequer assinalar essa decisão com uma melhoria do outlook, como costuma acontecer, coloca Portugal mais perto de emitir dívida pública a piscar o olho aos investidores chineses.

Esta sexta-feira, a própria Bloomberg, numa entrevista a Mário Centeno, indica que o ministro confirmou que os planos de emissão de dívida pública na China estarão “concluídos em breve”. Em julho, Cristina Casalinho, presidente do IGCP, afirmou no Parlamento que a entidade que gere as contas públicas e as emissões de dívida já tinha feito os primeiros contactos para levar avante essa ambição.

Ora, com tudo isto, o Tesouro nacional parece estar muito próximo de iniciar as primeiras emissões de dívida pública na China, um passo que tornaria Portugal no primeiro país da Zona Euro a emitir títulos na divisa chinesa. Restam dúvidas? Olhe-se para todo o investimento que os chineses têm feito em Portugal nos últimos anos.

E convém não esquecer uma coisa: no domingo de 27 de agosto, o comentador social-democrata Luís Marques Mendes garantiu, no seu espaço de comentário na SIC, que a Dagong, uma das principais agências chinesas de notação financeira, poderá também retirar Portugal do “lixo” ainda este ano. Desde 16 de agosto que a Dagong coloca Portugal na categoria mais acima entre as notações de investimento especulativo.

Ora, se o país sair do “lixo” também aos olhos dos investidores chineses, Cristina Casalinho e Mário Centeno terão mais uma porta aberta para captar investimento para o Tesouro português. É esperar para ver o que acontece.

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