Da neuroeconomia ao estudo das recessões: Quem vai ganhar o Nobel da Economia?
Não há uma short list com os candidatos ao Nobel da Economia que será anunciado nesta segunda-feira. Mas há alguns economistas que pelo seu trabalho podem ter mais hipóteses de merecer a distinção.
Depois da física, Química, Medicina, Literatura e Paz, apenas falta a Economia. A Academia Real Sueca de Ciência anuncia nesta segunda-feira o vencedor do Prémio do Banco da Suécia para as Ciências Económicas em Memória de Alfred Nobel, vulgarmente conhecido como o Nobel da Economia. Instituído em 1968, 67 anos após a primeira atribuição dos Prémios Nobel, este galardão já foi entregue a 78 individualidades pelo seu trabalho na área da ciência económica. Apenas uma era mulher — Elinor Ostrom, que recebeu o prémio Nobel da Economia em 2009, juntamente com Oliver Williamson, pelos seus trabalhos sobre “governação económica”.
Oliver Hart e Bengt Holmströem foram os últimos a receber o prémio. Os investigadores de Harvard e do MIT, respetivamente, foram laureados em 2016 pela Real Academia Sueca das Ciências, devido às suas contribuições para a Teoria dos Contratos. Ou seja, o estudo sobre como os contratos de trabalho e outros são construídos para servirem de base para as relações económicas. No ano anterior, o prémio foi entregue a Angus Deaton da Universidade de Princeton pelo seu trabalho de investigação na área da pobreza e a desigualdade. A questão que se impõem é: Quem será o vencedor este ano?
Encontrar uma resposta para esta questão não é fácil, já que os nomes dos candidatos nomeados são mantidos secretos ao longo dos 50 anos em que este prémio é atribuído. Mas há dezenas de nomes de economistas que pelo trabalho desenvolvido podem merecer a distinção.
A Clarivate Analytics, consultora da Thomson Reuters, tem feito ao longo dos últimos 15 anos uma lista dos candidatos que considera que possam vir a ter mais hipóteses de serem os escolhidos para o Nobel nas diferentes disciplinas que são premiadas. A consultora faz essa previsão com base num modelo que considera, entre outras variáveis, a popularidade dentro da comunidade científica dos papers publicados.
Não sendo certo que a escolha do Prémio Nobel da Economia saia da sua short-list, a consultora tem conseguido alguns bons resultados nas suas previsões ao longo dos últimos anos. Desde que começou a fazer essa análise, em 2002, identificou 45 cientistas proeminentes que independentemente da área em causa, acabaram por vencer o Prémio Nobel.
Foi o que aconteceu com Oliver Hart e Bengt Holmströem que no ano passado foram galardoados com o Nobel da Economia. Ambos estavam na lista de possíveis vencedores da Clarivate Analytics. Para este ano, entre os que considera serem sérios candidatos ao Nobel da Economia, a consultora adicionou à lista os nomes de cinco cientistas económicos, pelo trabalho desenvolvido em três áreas distintas da ciência económica.
Colin Camerer, do Instituto da Califórnia da Tecnologia, e George Loewenstein, da Universidade Caregie Mellon, são candidatos prometedores pelo trabalho de pesquisa “pioneiro” sobre a economia comportamental e a neuroeconomia. Entre os papers que desenvolveram em conjunto sobre essa área está o “Neuroeconomia: Como a neurociência pode informar a economia”, publicado em março de 2005 no Journal of Economic Literature. Esta área da ciência económica tem vindo a merecer cada vez mais interesse. Desde desde 1990 largas centenas de estudos que procuram perceber a ligação das emoções na tomada de decisões de consumo.
Robert Hall, professor da Universidade de Stanford, é outro dos candidatos ao prémio incluído na lista da Clarivate, devido ao trabalho desenvolvido no âmbito da análise da produtividade do trabalho e pelo seu estudo das recessões e do desemprego. Como economista especializado em trabalho, produziu alguns dos modelos de dinâmica do mercado de trabalho mais influentes e construiu também as fundações para a reforma de impostos dos EUA de 1986, entre outras contribuições.
Michael Jensen, de Harvard, Stewart Myers, do MIT, e Raghuram Rajan, da Universidade de Chicago, também estão entre os economistas cujo trabalho tem hipótese de merecer uma distinção por parte da Academia Real Sueca de Ciência. A Clarivate destaca “as suas contribuições para trazer luz às dimensões de tomada de decisão nas finanças empresariais“.
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Mas há muitos outros potenciais candidatos ao Nobel da Economia, incluindo algumas figuras proeminentes como John Taylor. O académico da Universidade de Stanford, especializado em política monetária, é tido como o preferido de Donald Trump para substituir Janet Yellen no comando da Reserva Federal dos EUA. Desde a década de 70 do século passado, Taylor tem vindo a publicar trabalhos no campo da economia monetária e financeira, tendo contribuído para a evolução do modelo IS-LM sobre expectativas racionais, com uma hipótese sobre a trajetória da taxa de juro diretora da economia: a Regra de Taylor.
Entre os nomes mais proeminentes estão também Paul Romer, da Universidade de Nova Iorque e economista-chefe do Banco Mundial. Especialista em crescimento económico, o economista é pioneiro da Teoria do Crescimento Endógeno.
William Nodhaus, da Universidade de Yale, que estuda as alterações climáticas é outro dos potenciais nomeados. O economista foi o primeiro a apontar como limite o aumento de dois graus centígrados em relação ao período pré-industrial. Num artigo publicado em 1975 afirmou que “se as temperaturas globais subissem mais do que dois ou três graus centígrados acima da temperatura média anual, isso levaria o clima para fora dos limites de observação que têm sido registados nos últimas centenas de milhares de anos”. Mais tarde, em 1990, o Instituto de Estocolmo sugeriu que os dois graus centígrados acima dos níveis pré-industriais deveria ser o máximo aceite pelos decisores políticos.
Entre os nomes mais conceituados está também Oliver Blanchard. No final de 2012, em plena crise das dívidas soberanas, o então economista-chefe do Fundo Monetário Internacional sugeriu que os efeitos dos planos de austeridade que estavam a ser implementados sobretudo por alguns países da Zona Euro, incluindo Portugal, poderiam ter sido subestimados pelas instituições que fazem previsões económicas.
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Na prática, Blanchard chegou à conclusão de que o impacto da consolidação orçamental estava a ser bem mais grave do que era esperado, com consequências para o crescimento económico e para o emprego, desafiando algumas das políticas que o próprio FMI havia recomendado. Motivou uma séria discussão em torno dos famosos multiplicadores. Comissão Europeia e Banco Central Europeu (BCE) foram alguns dos críticos ao trabalho do economista francês. O economista tem vários estudos sobre o tema, incluindo o popular artigo “Growth Forecast Errors and Fiscal Multipliers”
E o Nobel da Economia é…
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