Mecachrome Aeronáutica levanta voo em Évora
Investimento de 30 milhões de euros contou com um incentivo comunitário de 10,92 milhões de euros, benefícios fiscais e ainda um empréstimos de 40 milhões do BEI.
A fábrica de Évora da Mecachrome Aeronáutica, a laborar desde “o final de março”, foi inaugurada esta sexta-feira. Em causa está um investimento de 30 milhões de euros para produzir peças metálicas para a indústria aeronáutica.
“Estamos a laborar desde o final de março. No que respeita à primeira fase do projeto, está tudo instalado e estamos a produzir em dois turnos”, com um total de “70 trabalhadores“, disse à Lusa, Christian Santos, diretor da unidade fabril, que foi hoje oficialmente inaugurada.
A fábrica da Mecachrome Aeronáutica, uma empresa portuguesa do grupo francês Mecachrome, que tem como ‘chairman’ o português Júlio de Sousa, implica um investimento a rondar os 30 milhões de euros, até 2020, que foi “objeto de um contrato de incentivos com o Estado português, representado pela AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal”, lembrou o Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE).
A Mecachrome Aeronáutica beneficiou de incentivos financeiros atribuídos pelo Estado português, que o considerou “um importante projeto”, capaz de dar “um forte contributo para o desenvolvimento do ‘cluster’ aeronáutico português” e para “a projeção da competitividade” do país. No total, o Governo investiu 54,8 milhões de euros que se distribuíram por este projeto da Mecachrome e as empresas Hikma Farmacêutica, Toyota Caetano e Royal Óbidos.
Este projeto beneficia ainda de um apoio de 10,92 milhões de euros de fundos comunitários concedidos no âmbito do Compete. E tendo em conta que esta não é uma PME, o incentivo só pode ser concedido porque o investimento consiste numa inovação: “as novas tecnologias permitem reduzir o consumo de papel e a produção de resíduos, facilitam os processos de reciclagem e reduzem as necessidades de transporte”, mas também, “a construção de aerogeradores mais eficientes, contribuindo para reduzir o peso dos aviões e, portanto, o consumo de combustível”. A empresa planeia instalar, nesta fábrica, um inovador processo produtivo criogénico – à base de azoto líquido –, que é “único no mundo”, concebido pelo próprio grupo Mecachrome, em França.
A fábrica recebeu ainda 40 milhões de euros do chamado Plano Juncker. “No quadro de um financiamento ao abrigo do Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos, o Banco Europeu de Investimento concedeu ao grupo Mecachrome um empréstimo de 40 milhões de euros, que visa apoiar a modernização e expansão das capacidades de produção de componentes avançados para motores de aeronaves e aero estruturas. A empresa comprometeu-se a criar um programa de formação de trabalhadores de forma a disseminar o conhecimento desta nova tecnologia de ponta”, sublinha o comunicado da Comissão Europeia. O projeto permitirá criar 300 novos postos de trabalho em Portugal, garante o mesmo comunicado.
O processo de recrutamento de trabalhadores, oriundos sobretudo da região, depois de passarem pelo Centro de Formação Aeronáutica de Évora do Instituto do Emprego e Formação Profissional, está “em curso” e a meta, até 2020, segundo Christian Santos, é chegar aos “cerca de 250 a 300” funcionários.
Localizada no Parque de Indústria Aeronáutica de Évora (PIAE), a nova fábrica da Mecachrome Aeronáutica, que detém outra unidade industrial em Portugal, em Setúbal, desde 2014, vai ter, no global, quase 22 mil metros quadrados, segundo Christian Santos. “Esta primeira fase, que está concluída, tem 13.500 metros quadrados” e, na segunda fase do projeto, a executar “nos próximos anos”, vão ser construídos “os restantes cerca de 8.500 metros quadrados”, indicou.
Na cidade alentejana, a Mecachrome, que serve clientes como a Airbus, Boeing e Safran, fabrica peças de metal de alta precisão para aviões, nesta primeira fase apenas para motores e, na próxima etapa, também para a estrutura de aeronaves. O diretor assinalou que, das “17 referências” que integram o portefólio de peças a produzir em Évora, “11 já estão industrializadas e em produção”, encontrando-se “as outras em fase de industrialização”.
No Parque de Indústria Aeronáutica de Évora, além deste projeto, estão já instaladas diversas outras fábricas de empresas daquele setor, nomeadamente as duas da construtora brasileira Embraer.
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