Preço do azeite vai aumentar por causa dos incêndios
Mais de metade do olival tradicional ardeu com os fogos deste fim de semana. O preço vai subir garante a CNA, ao ECO. Ministro da Agricultura anuncia novas medidas de apoio aos agricultores.
A Confederação Nacional da Agricultura diz que o preço do azeite vai subir por causa dos incêndios. Mas esta não será a única consequência nefasta — a produção de Queijo da Serra vai ficar comprometida tendo em conta os milhares de ovelhas que morreram, reconheceu o ministro da Agricultura.
“Os olivais mais tradicionais da região centro, os não intensivos ou super intensivos, regados gota-a-gota, arderam. Não exagero se disser que ardeu mais de metade”, sublinhou ao ECO João Dinis. O dirigente da CNA, também ele afetado pelo “ciclone de fogo que por ali passou”, lembra que “a azeitona já vinha a definhar com a seca, embora até houvesse uma colheita promissora”.
“Tendo em conta que era de esperar menos produção já se esperava um aumento do preço”, disse. E se agora haverá mais mercado para o azeite proveniente dos olivais intensivos — são cerca de 100 mil hectares no sul do país — que é mais barato face ao produzido nos olivais mais tradicionais, a tendência será de aproveitar a dinâmica de subida dos preços. “Até esse vai subir, aproveitando a embalagem para aumentar o preço”, defende João Dinis.
O dirigente da CNA acrescenta ainda que nesta equação é preciso ainda acrescentar dois vetores: o aumento das importações de azeite e “as traficâncias para aumentar a quantidade de stock“, numa referência às práticas menos leais de acrescentar outras substâncias ao azeite.
O responsável admite que em dois ou três anos o olival do planalto beirão até já possa estar renovado — uma renovação que até já era necessária –, mas os agricultores vão sofrer muito até lá e por isso pede que ao ministro da Agricultura que tenha em conta a “área brutal e inconcebível” que ardeu no centro e norte do país. Pelas suas estimativas, só na região centro os prejuízos devem superar os cinco mil milhões de euros. “O fogo ganhou vida própria e vontade própria. Na sua voracidade comeu tudo”, concluiu.
Ministro promete novos apoios aos agricultores
Luís Capoulas Santos anunciou esta quinta-feira novos apoios para os agricultores de 44 municípios de dez distritos do país.
“Todas as explorações que tiveram prejuízos superiores a 30% daquilo a que chamamos o potencial produtivo, máquinas destruídas, alfaias, motores de rega, estábulos, equipamentos, animais que morreram e culturas permanentes” vão poder beneficiar de um apoio financeiro que será atribuídos através de um concurso que terá início depois do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) determinar o perímetro das áreas atingidas pelo incêndio.
“Para os primeiros cinco mil [candidatos], que tenham prejuízos superiores a 80%, esse pagamento será de 100%, até um montante de cinco mil euros, [a partir daí] iremos atribuir 50% das despesas com os materiais e equipamentos que foram destruídos”, explicou, numa conferência de imprensa transmitida pela RTP3.
"Para os primeiros cinco mil [candidatos], que tenham prejuízos superiores a 80%, esse pagamento será de 100%, até um montante de cinco mil euros, [a partir daí] iremos atribuir 50% das despesas com os materiais e equipamentos que foram destruídos.”
Além disso, o ministro avançou que serão disponibilizados 15 milhões de euros do Programa de Desenvolvimento Rural (PDR2020) para a estabilização de emergência, ou seja, ações que visam minimizar os riscos da erosão, da contaminação das linhas de água e dos declives. Este montante vai somar aos 13 milhões que já tinham sido alocados aos incêndios precedentes deste verão.
Capoulas Santos disse ainda que o Governo está a procurar soluções para poder atribuir apoios para a alimentação dos animais, estando em contacto com as fábricas de ração e com as confederações agrícolas e, neste capítulo, espera contar com a colaboração do exército. E a “avaliar as consequências na fileira do pinho porque as perdas foram de tal modo onerosas”.
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