Política, segurança e ambiente. Há mais para além de tecnologia no Web Summit

  • Juliana Nogueira Santos
  • 8 Novembro 2017

Pode conhecer o Web Summit por ser um dos maiores eventos de tecnologia do mundo, mas há muito mais para além de computação e robótica nos nove palcos da conferência.

Não é só de tecnologia que se vai falar nos palcos da Web Summit.ECO

Se o Web Summit ganhou reputação estratosférica por juntar debaixo do mesmo teto os apaixonados por tecnologia e empreendedorismo, a verdade é que não é só destes tópicos que se faz a conferência. Durante os quatro dias de evento, assuntos como política, relações internacionais, ambiente e segurança vão merecer o mesmo destaque nos painéis de discussão, sendo que muitos dos nomes sonantes anunciados até então farão parte dos mesmos.

É no ponto em que a tecnologia se cruza com estes campos que figuras como Margrethe Vestager, Al Gore, Brad Parscale e Garry Kasparov irão falar para milhares de pessoas, trazendo para a agenda assuntos que, de outra maneira, talvez passassem despercebidos por entre o fogo-de-artifício de uma grande conferência de tecnologia.

Palco ao Brexit e à eleição de Trump

Comparando as circunstâncias em que decorreu a primeira edição da Web Summit em Lisboa com a segunda são claras as diferenças políticas e sociais. Ainda que fenómenos como a saída do Reino Unido da União Europeia já fossem conhecidos no ano passado por esta altura, o mundo estava longe de prever a ascensão dos vários movimentos extremistas espalhados pelo território, bem como as consequências da eleição de Donald Trump para a Casa Branca. Assim, não só vão estar presentes figuras que viveram bem de perto estes acontecimentos, como vão narrar as suas experiências em palco.

"A Web Summit tem sido criticada no passado por ser uma câmara de ressonância de uma Silicon Valley liberal e aguardamos com expectativa o que Nigel Farage tem a dizer.”

Organização da Web Summit

No que diz respeito ao Brexit, Nigel Farage, fará parte de um painel de discussão que vai juntar outros governantes europeus, bem como alguns CEO — em nome da pluralidade de opinião –, como afirmou a equipa da Web Summit em comunicado. “A Web Summit tem sido criticada no passado por ser uma câmara de ressonância de uma Silicon Valley liberal e aguardamos com expectativa o que Nigel Farage tem a dizer”, justificou a organização.

Para trazer a este lado do Atlântico uma visão mais concreta de como decorreram as eleições norte-americanas, os dois lados da barricada vão estar no Oriente. Brad Parscale, conselheiro para as redes sociais e meios digitais da campanha de Donald Trump e o antigo conselheiro para a segurança de Hillary Clinton, Jacob Sullivan vão falar sobre o que os une.

Como é que a tecnologia pode dar a mão à segurança?

Não é possível falar de eleições norte-americanas sem discutir os novos desafios à segurança e ao estado social. À medida que a investigação do FBI em torno da influência russa na eleição de Trump avança em direção a uma certeza, o assunto das notícias falsas (#FakeNews) e de como sobreviver num mundo em que os factos já não têm o valor absoluto que tinham vai ser abordado por uma série de jornalistas, de Cameron Barr do The Washington Post a Gregory Ferenstein do Breitbart.

De território russo virá Garry Kasparov, o icónico jogador de xadrez que, além de se disponibilizar para disputar umas partidas da modalidade com dez oponentes ao mesmo tempo, irá discutir o papel da inteligência artificial na manutenção da segurança.

E se para os cidadãos as ameaças à liberdade são as maiores limitações à democracia, para as empresas os entraves à concorrência atuam de igual forma. É neste panorama que Margrethe Vestager, comissária europeia da Concorrência, vai subir ao palco principal do Web Summit e deixar um recado muito específico às gigantes da tecnologia: “As regras são diferentes na Europa”. Regras que se estendem também à noção de privacidade e à proteção dos direitos dos consumidores.

E ao ambiente?

O impacto de Silicon Valley estende-se à maioria dos esferas do Planeta Terra, até mesmo à sua existência. Com a produção massiva de dispositivos tecnológicos e o consequente aumento do desperdício eletrónico, as empresas têm sofrido várias pressões para conseguirem encontrar alternativas mais amigas do ambiente. A organização do Web Summit não quis passar esse aspeto em falso, tendo convidado grandes nomes tais como Al Gore ou Carlos Moedas para marcar presença.

 

O antigo candidato à presidência dos EUA e ativista ambiental vai falar de como a tecnologia tem um papel preponderante na resolução da “verdade inconveniente”, enquanto o comissário europeu vai participar num painel sobre proteção dos oceanos. A sustentabilidade ambiental vai ser assim o tema principal do palco Planet:tech, um dos nove palcos da conferência que será mais do que apenas tecnologia.

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