Altice vai vender negócio na República Dominicana e sobe 7% na bolsa
O grupo Altice estará a planear a venda da rede de telecomunicações que detém na República Dominicana, avançou o Financial Times. Ações da empresa sobem mais de 7% na bolsa.
A Altice terá planos para vender o negócio de telecomunicações do grupo na República Dominicana, uma decisão que surge depois das preocupações de que não tenha liquidez para pagar a dívida de mais de 50 mil milhões de euros que acumula. A informação foi avançada pelo jornal Financial Times [acesso pago], que cita três fontes conhecedoras do processo. A notícia está a ser bem recebida pelo mercado.
Segundo o jornal britânico, a companhia fundada por Patrick Drahi tem nas mãos um dossiê para vender a Altice Dominican Republic, a subsidiária do grupo franco-israelita na República Dominicana. Esta unidade foi adquirida em 2013 por 1,1 mil milhões de euros à operadora francesa Orange. Fornece serviços de telecomunicações fixas e móveis e conta com mais de 4,8 milhões de clientes no país, refere o diário financeiro. No ano passado, gerou mais de 715 milhões de euros em receita e 185 milhões de euros de lucro.
A venda ainda não estará fechada e os planos poderão vir a mudar. No entanto, na segunda-feira, a Altice comunicou que deverá começar a vender ativos do segmento mobile já na primeira metade de 2018. À venda estão também torres de telecomunicações do grupo na Europa — já haverá duas empresas interessadas — e um negócio de menores dimensões na Suíça, avaliado em alguns milhões de euros, uma informação que o ECO também tinha apurado junto de fontes do mercado.
As ações da empresa deram um pulo com a notícia. Os títulos do grupo, cotados em Amesterdão, valorizavam mais de 7%, corrigindo das perdas registadas esta quinta-feira, em que os títulos caíram de 8,29 para 7,56 euros. Na manhã desta quinta-feira, as ações estavam a cotar nos 8,06 euros, com liquidez acima da média.
Face aos fracos resultados do terceiro trimestre, os investidores ficaram com receio de que a Altice não tenha capacidade para liquidar o elevado passivo. São mais de 50 mil milhões de euros, valor que ultrapassa em larga medida os cerca de 13 mil milhões que representam o valor bolsista da companhia fundada por Patrick Drahi.
"A nossa dívida está garantida a 85% com taxa fixa e o primeiro reembolso relevante não acontecerá antes de 2022. Quer isto dizer, claramente, que se as taxas subirem ou se as agências revirem a notação da nossa dívida, tal não terá rigorosamente nenhum impacto na empresa nos cinco próximos anos.”
A empresa, por sua vez, tem reiteradamente garantido que tem liquidez para assumir os encargos da dívida. Esta semana, numa carta enviada aos trabalhadores da PT/Meo em Portugal (a operadora é detida pela Altice), Patrick Drahi escreveu que a dívida “está garantida a 85%” com juros fixos e que “o primeiro reembolso relevante não acontecerá antes de 2022”. “Quer isto dizer, claramente, que se as taxas subirem ou se as agências revirem a notação da nossa dívida, tal não terá rigorosamente nenhum impacto na empresa nos cinco próximos anos”, defendeu o multimilionário dono do grupo.
Recentemente, a empresa procedeu a ajustes ao nível da gestão do grupo internacional, mudanças essas que se refletiram na PT/Meo. Alexandre Fonseca assumiu esta semana a liderança da companhia e Cláudia Goya, no grupo há quatro meses, passou para chairman não executiva. Paulo Neves, chairman executivo, demitiu-se e saiu da PT.
(Notícia atualizada às 9h14 com mais informações)
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