Cyber Monday é a nova Black Friday. Chame-lhe… Black Monday
Chegou a Cyber Monday, o dia mundial das encomendas online. Move muitos milhões de euros em todo o mundo e está a ganhar terreno sobre a Black Friday. Será caso para lhe chamar... Black Monday?
No que pensa quando lhe falam em Black Friday? Talvez, filas e mais filas, multidões e empurrões. Na sexta-feira, foram aos milhares de milhão as pessoas que surfaram a onda de descontos que inundaram lojas e centros comerciais, gerando uma receita recorde para os comerciantes. Passado o fim de semana, o dia é de Cyber Monday — os descontos saem das lojas e chegam exclusivamente ao digital.
Esta nova tendência tem vindo a ganhar terreno sobre a Black Friday, ocasião que, por si só, deixa os comerciantes assim: ? ? ; e os clientes assim: ??. Porquê? Porque é bem mais fácil ficar em casa a fazer compras no sofá do que ir à loja e arriscar ficar mais de uma hora na fila para pagar. As campanhas nascem na sexta, a loucura das compras prolonga-se na segunda.
No ano passado, os norte-americanos gastaram 2,9 mil milhões de euros na Cyber Monday, de acordo com dados da Adobe Digital Insights citados pela revista Fortune. Foi o melhor dia de sempre em termos de comércio eletrónico na história dos Estados Unidos, superando as vendas online registadas dois dias antes na Black Friday, que ficaram pouco mais de 92 milhões de euros abaixo.
Ao mesmo tempo, as vendas nas lojas físicas caíram, refere a Reuters, ressalvando que os consumidores estão a voltar-se para o digital. A agência cita dados da RetailNext que indicam que o volume de negócios nas lojas físicas na Black Friday em 2016 terá caído 10,4%, comparativamente com 2015. O número de transações também decresceu. Não quer isto dizer, necessariamente, que os consumidores estão a comprar menos. Na verdade, estão a comprar mais. Mas nas lojas virtuais.
Este ano, as expectativas quanto ao comércio eletrónico voltam a apontar para recordes. Segundo dados da Adobe Analytics, citados pelo USA Today, estima-se que se tenham gastado cerca de 4,2 mil milhões de euros na última sexta-feira, montante que compara com os 5,6 mil milhões que deverão ser gastos esta segunda-feira, na Cyber Monday.
É win-win(-win)
Triplo win, porque não são só clientes a beneficiarem dos descontos e os comerciantes a beneficiarem da afluência dos primeiros. Estes dias representam também uma importante oportunidade para as transportadoras — afinal, comprar em casa é bom, mas é sempre preciso alguém que leve as encomendas até aos destinos. Por isso, empresas como a Chronopost ou mesmo os CTT vão ter um importante papel nesta Cyber Monday. Quase tão importante como aquele que a Cyber Monday vai ter nas contas do quarto trimestre para estas companhias.
No caso específico dos CTT, a empresa tem assistido a uma quebra acentuada do tráfego do correio. E vê nas encomendas o futuro do negócio postal, como o presidente da empresa, Francisco de Lacerda, tem vindo reiteradamente a afirmar.
Por email, fonte oficial dos correios revela ao ECO que, “com base na experiência de anos anteriores, estes eventos de vendas resultam num aumento que ronda os 50%, em média, face aos restantes dias, no número de encomendas de clientes e-commerce que entram na rede CTT”. “Estes picos, naturalmente, justificam reforços na rede de tratamento e distribuição dos CTT e por essa razão, antevendo um forte crescimento do tráfego, os CTT procederão ao reforço apropriado da capacidade de distribuição, já este sábado e na próxima segunda-feira.
E prossegue: “o comércio eletrónico, com picos nestas datas, nos saldos e no Natal, tem um grande potencial de crescimento em Portugal e é um dos eixos estratégicos de desenvolvimento dos CTT, que são já hoje líderes de mercado neste segmento e têm vindo a reforçar e a inovar na capacidade de resposta às necessidades quer dos retalhistas quer dos destinatários.” Conclui, apontando que “apenas 38% das empresas portuguesas tem uma presença na internet e 17% vende online, e que o peso das vendas online no retalho é ainda de 3%, face a uma média nos países do Norte da Europa que varia entre os 8% e os 13%”. Por isso, “os CTT têm vindo a inovar e a apoiar as empresas na sua introdução ao comércio eletrónico”, garante.
Com base na experiência de anos anteriores, estes eventos de vendas resultam num aumento que ronda os 50%, em média, face aos restantes dias, no número de encomendas de clientes e-commerce que entram na rede CTT.
E em Portugal, mais concretamente?
O fenómeno da Cyber Monday também deverá ter impacto em Portugal. A cultura das compras na internet está cada vez mais enraizada na sociedade, como mostram os dados mais recentes do Instituto Nacional de Estatística (INE). Num estudo publicado este mês, o organismo de estatística indica que “77% dos agregados familiares” no país já “têm ligação à internet em casa”, a maioria em banda larga, um aumento de três pontos percentuais em relação ao ano passado.
Com este número em mente, vale a pena olhar para o dado principal: “Em 2017, 34% da população residente com idade entre 16 e 74 anos referiu ter utilizado a internet para fazer encomendas de produtos ou serviços”, indica o INE. Há sete anos, apenas 15% deste público tinha comprado online, pelo que o valor mais do que duplicou desde o início da década. Assim, os portugueses estão a comprar mais na internet. E, pelo menos em teoria, a gastar mais também.
Mas há um senão. O número de portugueses que compra na internet é significativamente inferior à média da União Europeia. Os últimos dados disponíveis são de 2016 e, já no ano passado, 55% dos europeus fazia compras na internet, um valor superior aos 31% de portugueses no mesmo ano. “A proporção de residentes em Portugal que utilizaram a internet para efetuar encomendas nos 12 meses anteriores à entrevista tem vindo a situar-se significativamente abaixo da taxa de utilização na UE a 28”, aponta o INE.
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