Goldman Sachs tentou reduzir exposição à dívida da Altice
O Goldman Sachs, um dos principais financiadores do grupo de Patrick Drahi, abordou vários fundos para vender parte do passivo da Altice. Dívida de 50 mil milhões também já assusta os bancos.
O Goldman Sachs foi um dos principais bancos a financiar a Altice ao longo dos últimos cinco anos, ajudando o grupo de Patrick Drahi nas muitas aquisições realizadas neste período. No entanto, a instituição tem planos para reduzir a sua exposição à empresa e terá abordado vários fundos no sentido de vender parte da dívida da Altice, que ascende já a 50 mil milhões de euros no total. A notícia foi avançada esta segunda-feira pelo Financial Times [acesso pago/ conteúdo em inglês], que cita fontes familiarizadas com o assunto.
De acordo com o jornal, o banco norte-americano abordou diversos fundos para vender dívida da Altice. As tentativas foram feitas depois de, no início de novembro, começarem a surgir receios de que o grupo não tenha liquidez para amortizar o avultado passivo. As dúvidas apareceram depois da apresentação de resultados fracos relativos ao terceiro trimestre, que fizeram as ações da Altice afundar cerca de 60% durante o mês.
O banco tem sido também um dos beneficiários das comissões pagas pela Altice no âmbito do investimento realizado pelo grupo franco-israelita nas operações de aquisição levadas a cabo em Portugal, França e Estados Unidos. Segundo o Financial Times, as tentativas de venda de dívida por parte do Goldman Sachs sugerem que o nervosismo em relação à liquidez da Altice está a atingir também os bancos que financiam a companhia. Em Portugal, a Altice comprou a Portugal Telecom à Oi em 2015 e, este verão, ofereceu 440 milhões pela Media Capital, dona da TVI.
O mês de novembro foi particularmente conturbado para o grupo de Patrick Drahi, tendo ficado marcado pela perda de valor das ações da companhia e mudanças na gestão. A 21 de novembro, numa carta enviada aos funcionários da PT, o magnata tentou acalmar os ânimos: “A nossa dívida está garantida a 85% com taxa fixa e o primeiro reembolso relevante não acontecerá antes de 2022. Quer isto dizer, claramente, que se as taxas subirem ou se as agências revirem a notação da nossa dívida, tal não terá rigorosamente nenhum impacto na empresa nos cinco próximos anos.” Entretanto, o outlook da dívida da Altice foi revisto em baixa pela S&P.
Face às preocupações, a Altice mudou de discurso. Numa conferência em Barcelona, decretou o fim das compras e anunciou uma mudança de foco para o corte da dívida de 50 mil milhões. Em simultâneo, anunciou que vai vender alguns ativos, como torres de telecomunicações, o negócio na República Dominicana e data centers na Suíça. Esta segunda-feira, as ações da Altice recuperavam 4,83% para 6,985 euros, a segunda sessão consecutiva de ganhos.
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