Dois anos depois, líderes mundiais revisitam Acordo de Paris
A retirada dos EUA do acordo de Paris levou à organização de uma nova cimeira internacional para debater os objetivos com que cerca de 200 países se comprometeram há dois anos.
Dois anos passaram desde que quase 200 países assinaram o Tratado de Paris e se comprometeram a reduzir as emissões de dióxido de carbono para a atmosfera a partir de 2020. Com o recente abandono dos Estados Unidos do acordo, o presidente francês, Emmanuel Macron, apela a uma “maior mobilização” por parte dos países mais ricos e das grandes empresas multinacionais para as questões ambientais na cimeira “Planeta Único”, cita a Agence France Presse esta segunda-feira.
Nas palavras de Macron, “estamos muito longe do objetivo do Acordo de Paris para conter a subida das temperaturas abaixo do limite de 2 graus, ou se possível, dos 1,5 graus”. “Os acordos internacionais colocam-nos hoje numa trajetória de um aquecimento global de 3,5 graus”, acrescenta, citado pela mesma fonte. Para Macron, o planeta “está a perder a batalha”, uma “batalha contra o tempo”, uma “batalha contra o destino”. O presidente apela para que sejam levadas a cabo “ações concretas que irão mudar os nossos países, as nossas sociedades e as nossas economias”.
Embora Donald Trump não tenha sido convidado para a cimeira “Um Planeta”, os Estados Unidos marcam presença com Bill Gates, Arnold Schwarzenegger, o atual governador da Califórnia Jerry Brown, e Michael Bloomberg. À cadeia de televisão CBS, Emmanuel Macron deixou um recado ao presidente norte-americano, a quem lhe atribuiu uma “responsabilidade perante a História”, afirmando que este “deverá mudar de ideias nos próximos meses ou anos”. No seu discurso, John Kerry apelidou a retirada dos EUA do acordo de “vergonhosa”, fruto de uma “decisão autodestrutiva tomada com um propósito político”.
Da reunião que contou com cerca de 50 chefes de Estado e do secretário-geral da ONU António Guterres, resultou um compromisso entre os países do Norte. Em causa está o aumento do financiamento anual para 100 mil milhões de dólares aos países em desenvolvimento para que também eles possam estar em conformidade com as metas estabelecidas. “Essas condições são indispensáveis para que a confiança reine entre os países desenvolvidos e em vias de desenvolvimento”, argumentou Guterres, citado pela agência Lusa, frisando que o capital privado tem um papel primordial para colmatar a ação dos estados, que só por si é insuficiente.
Falando perante representantes de 127 países, Guterres apontou que as emissões de dióxido de carbono aumentaram em 2017 pela primeira vez em três anos e recordou que os cinco anos mais recentes foram os mais quentes desde que há registos.
"Não é preciso esperarmos que se acabe o carvão e o petróleo para deixarmos de usar combustíveis fósseis. Precisamos de inverter o futuro, não o passado.”
“Estamos a travar uma guerra pela existência tal como a conhecemos no nosso planeta, mas temos um aliado importante: a ciência e a tecnologia”, afirmou o secretário-geral da ONU, saudando as cidades e regiões do mundo, que com “milhares de empresas privadas” estão a tomar medidas contra o aquecimento global.
Guterres salientou as virtudes dos “negócios verdes” e apontou o setor financeiro como um fator decisivo para conseguir travar o aquecimento global que precisa de ser chamado a trabalhar em benefício das pessoas e do planeta.
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