Oficina do Burel: Cerzir um projeto ponto a ponto
Elsa Gonçalves recebeu dos fundos comunitários o empurrão de que necessitava para se lançar no mundo dos negócios. Arte e tradição andam de mãos dadas no projeto Oficina do Burel.
É das mãos de Elsa Gonçalves e do marido que nascem as peças que alimentam a Oficina do Burel. Um projeto que alia empreendedorismo e design à tradição e cultura. A partir de Montalegre, o casal comercializava pequenas peças de burel. Uma forma de ocupar o tempo e ganhar algum dinheiro extra. Sem grande ambição ou risco.
Mas os fundos comunitários e a formação a eles associada deram o empurrão de que Elsa Gonçalves necessitava. Animadora de formação, aprendeu as noções básicas de gestão, relações interpessoais, liderança, comunicação e tecnologia de informação. Depois seguiu-se uma nova fase de consultoria individualizada para ajudar a desenvolver o plano de negócio da empresa, a Oficina do Burel.
“O projeto deu o empurrão para sair de casa. Começámos numa loja pequena, para perceber se tínhamos pernas para andar”, conta Elsa Gonçalves ao ECO. “Um ano e dois meses depois, abrimos uma loja central no centro da vila, ao lado da Câmara”, acrescenta.
O projeto deu o empurrão para sair de casa. Começámos numa loja pequena, para perceber se tínhamos pernas para andar.
O empurrão foi, e continua a ser, dado pela Associação para a Promoção das Terras de Barroso, que desenvolveu vários projetos na área do empreendedorismo feminino, no âmbito das políticas de igualdade de género, que contam com o apoio do Fundo Social Europeu. Os participantes, onde se inclui Elsa Gonçalves, recebiam no final um prémio de arranque para o desenvolvimento da sua empresa (12 X Indexante dos Apoios Sociais). “Os cinco mil euros foram uma ajuda”, garante a empresária, que hoje retira da empresa o sustento para a família.
O investimento feito ronda os 30 mil euros, segundo Elsa Gonçalves, “mas o retorno foi superior”, garante. O marido, Carlos Medeiros, está a tempo inteiro na loja. Elsa divide-se entre o fabrico das peças — já não só pequenos acessórios, mas capas e casacos, coletes, saias e calções, vestidos, carteiras ou abajures –, as feiras e a página na internet. O espaço físico assegura a 60% das vendas — o ano passado ascenderam a 35 mil euros –, mas apesar de a página online ser uma montra muito importante, “há muito clientes que preferem ir a Montalegre para terem peças mais personalizadas e um atendimento diferente”, explica.
Elsa Gonçalves, que participou no seminário “Os impactos do Fundo Social Europeu em Portugal“, que se realizou na quarta-feira dia 13 de dezembro, em Lisboa, admitiu que “não percebe nada dos fundos europeus”. Com uma candura surpreendente disse que conta com a ajuda da Associação para a Promoção das Terras de Barroso para perceber os apoios disponíveis e que se concentra em gerir o seu negócio: “Cada macaco no seu galho”, frisou, arrancando uma gargalhada geral da plateia.
Ao ECO, a empresária explicou que não tem “tempo para perceber os apoios disponíveis” que lhe parecem “muito grandes” para o seu projeto. “Há ajuda à contratação, mas para nós ainda não compensa”, sublinha. “É complicado perceber como funcionam os fundos e mesmo quando há workshops acaba por ser a associação que nos ajuda”, acrescenta.
É complicado perceber como funcionam os fundos e mesmo quando há workshops acaba por ser a associação que nos ajuda.
Ao longo do seminário sobre “Os impactos do Fundo Social Europeu em Portugal” foram muitos os alertas no sentido da simplificação dos fundos.
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