Banca tem de emitir dívida de alto risco. BCE vê um problema no sul da Europa
O banco liderado por Mario Draghi defende, num estudo, que os países do sul da Europa terão dificuldades em encontrar compradores para a dívida que terão de emitir para absorver perdas potenciais.
Os bancos em alguns países da União Europeia (UE) podem ter dificuldades em vender no mercado interno dívida de alto risco, que servirá para absorver perdas potenciais — como a que foi emitida pela CGD. Terão, por isso, que procurar novos investidores noutros países, de acordo com um estudo do Banco Central Europeu (BCE). Isso será um problema, sobretudo nos países do sul, onde mais de 60% da dívida detida pelos bancos é emitida “em casa”.
Portugal, Grécia, Itália e Espanha são os países que deverão ter mais dificuldades em encontrar interessados para esta dívida, tendo em conta a elevada dependência de investidores domésticos. Esta realidade “pode sinalizar que há limites na capacidade de absorção” a dívida que é emitida para satisfazer os requisitos europeus, conhecidos como MREL, que exigem que as instituições tenham instrumentos financeiros que possam sofrer perdas antes ser necessário recorrer ao Fundo Único de Resolução.
"Há limites na capacidade dos mercados para absorver [a dívida que é emitida para satisfazer os requisitos europeus, conhecidos como MREL]”
Este problema é mais preocupante nos países onde a dívida é detida, maioritariamente, por outros bancos, “à exceção de Itália, onde mais de um terço da dívida emitida pelas instituições é detida pelas famílias”, revela o estudo do banco central liderado por Mario Draghi. Considerando as limitações impostas aos bancos em relação à dívida elegível para o MREL que podem deter de outros bancos, os fundos de pensão, seguradoras e fundos de investimento são os “principais investidores” a quem as instituições poderem recorrer, acrescenta o documento.
“Caso estes investidores decidam ajustar o seu portefólio e investir em obrigações elegíveis para o MREL, há a possibilidade de começarem também a investir além-fronteiras“, diz o BCE. Isto numa altura em que, segundo a Bloomberg, os investidores institucionais estão a comprar obrigações mais arriscadas, apostando que o crescimento económico vai puxar pelos resultados dos bancos europeus, o que diminui o risco de falência.
Os investidores estão a comprar, mas fazem diferenciação entre os bancos mais fortes e mais fracos. A título de exemplo, a Bloomberg relembra que o UniCredit, o maior banco de Itália, emitiu mil milhões de euros de dívida AT1, com um cupão de 5,375%, enquanto a CGD concordou pagar um cupão de 10,75% numa emissão de 500 milhões de dívida AT1.
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