Ricciardi regressa à banca de investimento: “As pessoas devem continuar a fazer o que sabem”
José Maria Ricciardi regressou à banca de investimento. É partner e acionista da Optimal Investments, uma boutique financeira. E, sobre o BES, recorda: "A minha idoneidade nunca foi posta em causa".
José Maria Ricciardi regressou à banca de investimento, depois da saída do Haitong Bank em dezembro de 2016. Agora, terminado o período de ‘non compete agreement‘ com o banco detido pelos chineses, Ricciardi torna-se partner e acionista da Optimal Investments, uma boutique financeira que tem Jorge Tomé como managing partner. Em declarações exclusivas ao ECO, o gestor afirma que “as pessoas devem continuar a fazer o que sabem”.
O que é a nova sociedade? A Optimal Investments celebrou uma parceria com a Arcano Partners, grupo financeiro independente espanhol líder nos serviços financeiros de banca de investimento e consultoria. E a Arcano Partners tem, por sua vez, uma parceria com o Banco de Investimento norte-americano Jefferies.
José Maria Ricciardi era presidente executivo do Haitong Bank quando entrou em rutura com o chairman chinês, Hiroki Miyazato. Motivo: a estratégia de desenvolvimento do banco de investimento (antigo BESI) e as necessidades de capital para suportar essa estratégia. Em discordância com o que estava a ser decidido, a partir daí, o pedido de demissão era inevitável e foi confirmado no dia 6 de dezembro. O acordo de saída previa um ‘período de nojo’, isto é, o banqueiro estava proibido de trabalhar na concorrência durante um ano, até ao final de 2017. Agora, liberto desse compromisso, junta-se a Jorge Tomé. Antes concorrentes nos dois maiores bancos de investimento em Portugal, agora sócios na Optimal Invesments.
José Maria Ricciardi afirma, aliás, que é a experiência dos dois partners — Luís Paulo Tenente e Miguel Geraldes são os outros dois — que o leva a acreditar no sucesso da Optimal Investments. “Podemos repetir o que fizemos no BESI [agora Haitong] e no Caixa BI”. O gestor acrescenta que “a banca de investimento está a atravessar uma fase difícil em Portugal, e as exigências regulamentares são pesadas em termos de capital e governação. Na Optimal, temos uma equipa com experiência e a agilidade de uma boutique para assessorar operações que possam traduzir-se na canalização de investimento produtivo para Portugal”.
Precisamente esta quarta-feira foi conhecido que o Ministério Público confirmou que a insolvência do BES foi culposa. O procurador da República subscreve a leitura feita pela comissão liquidatária do banco e aponta como responsáveis 13 nomes, nomeadamente o de Ricardo Salgado, Amílcar Morais Pires, José Manuel Espírito Santo, Manuel Fernando Espírito Santo, Joaquim Goes e o próprio José Maria Ricciardi. Mas também esclarece que que a intervenção de cada um dos envolvidos deve ser diferenciada consoante “os distintos níveis de conhecimento” ou “acesso a informação relevante, verdadeira e atual”. Ricciardi escusa-se a fazer comentários diretos sobre este processo, que é cível e não criminal, e assegura que sempre comunicou o que tinha a comunicar às autoridades: “A minha idoneidade nunca foi posta em causa na administração do BESI e, depois, no Haitong, sai porque entendi que a minha função como CEO estava esgotada“.
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