Exclusivo Chineses vão à frente na corrida para comprar o Lagoas Park
Teixeira Duarte colocou à venda uma das suas jóias da coroa e tem muitos interessados. China Recycling Energy Corp. surge destacada na compra do Lagoas Park. BCP e Storm Harbour lideram operação.
A China Recycling Energy Corporation surge bem posicionada na corrida para comprar o Lagoas Park, o centro de escritórios detido pela Teixeira Duarte e onde a Google vai instalar um centro de serviços partilhados para a Europa, apurou o ECO. Mas os chineses não são os únicos interessados e até março, prazo final para a entrega de propostas não-vinculativas à construtora portuguesa, tudo pode mudar.
Há mais dois anos que a Teixeira Duarte tenta alienar o Lagoas Park. No entanto, depois de alguns recuos, o processo de venda conheceu avanços significativos no ano passado, após a empresa ter constituído uma sociedade-veículo (a Lagoas Park SA) para onde transferiu a gestão do parque de escritórios localizado em Oeiras.
Desde então, a administração passou a ter como objetivo a venda de mais de 80% do capital da Lagoas Park SA e mandatou entidades externas para liderar o processo, numa altura em que a Teixeira Duarte já tinha identificado potenciais compradores cujas manifestações de interesse se aproximavam do valor de avaliação dos respetivos ativos da sociedade. O ECO sabe que a operação está a ser trabalhada juntamente com o banco BCP, a consultora imobiliária Cushman & Wakefield e ainda a Storm Harbour, liderada por António Caçorino.
Segundo apurou o ECO junto de fontes próximas do processo, a fase preliminar evidenciou forte interesse pelo Lagoas Park, pelo que o resultado final é ainda incerto, apesar da boa posição que assumem os chineses neste momento.
Os interessados têm até final de março para apresentarem as non binding offers — ofertas não vinculativas. Mais do que tudo, será o preço final da proposta que vai determinar o comprador.
Fontes do setor disseram que o negócio pode estar avaliado em mais de 300 milhões de euros. E o dinheiro desta venda vai servir para a Teixeira Duarte reduzir a sua dívida à banca — o endividamento líquido da construtora nacional situava-se ligeiramente acima dos mil milhões de euros no final do terceiro trimestre. A Teixeira Duarte fechou o terceiro trimestre de 2017 com um prejuízo de 11 milhões de euros.
Não é a primeira vez que a Teixeira Duarte usa o Lagoas Park como moeda de troca na sua negociação com a banca portuguesa. No final do terceiro trimestre do ano passado, vários lotes do parque tinham sido dados pela Teixeira Duarte como garantia a empréstimos bancários, incluindo créditos concedidos pela Caixa Geral de Depósitos e pelo BCP, e como garantia a papel comercial emitido pela construtora.
Contactados, nem a Teixeira Duarte nem a China Recycling Energy Corporation estiveram disponíveis para responder às questões enviadas pelo ECO.
Lagoas Park vai abater dívida da Teixeira Duarte
Fonte: Reuters
O facto de se tratar de um ativo que apresenta uma boa rentabilidade, inserindo-se num segmento de imobiliário para escritórios em forte expansão em Portugal, tem atraído muitos interessados nesta que é uma das jóias da coroa da Teixeira Duarte.
O Lagoas Park ganhou maior projeção nas últimas semanas, depois de se saber que a multinacional Google escolheu aquele centro de escritórios para localizar a sua unidade de serviços partilhados de apoio aos seus negócios na Europa, Médio Oriente e África. Cerca de 100 empresas estão já instaladas no Lagoas Park, incluindo a BMW Portugal, a BP Portugal, Cisco, Dell, Intel, Phillips, Samsung, Pfizer Portugal, entre outras multinacionais.
O parque integra ainda vários serviços de apoio como um hotel, um centro de congressos, restaurantes, um ginásio, um colégio, entre outros, ocupando um espaço de cerca de 30 hectares em Oeiras, às portas de Lisboa.
Dos pagers e telemóveis ao setor energético
Mas quem é a China Recycling Energy Corporation?
O grupo vem da província de Xian, na China, mas tem um passado ligado aos EUA. Fundada em 1980, a empresa estava registada legalmente no estado americano do Colorado. Em 2004, quando se chamava China Digital Wireless, fundiu-se com a Sifang Holdings (que detinha a TCH) num processo de fusão inversa — que permitiu à China Digital Wireless incorporar-se numa empresa que já estava na bolsa.
Nessa altura, a companhia dedicava-se à distribuição e ao fornecimento de serviços de telecomunicações de pagers e telemóveis, um negócio que seria completamente descontinuado em 2007, ano em que sua subsidiária TCH assinou uma parceria com uma tecnológica chinesa de Xian, a Yinfeng, para um projeto ligado à energia. A 8 de março de 2007, mudou de nome: passou a designar-se China Recycling Energy Corporation.
Hoje em dia, concentra a sua atividade no desenvolvimento de soluções de recuperação de energia na indústria na China. Está listada na praça Nasdaq e é atualmente liderada por Guohua Ku, que desempenha os cargos de CEO e chairman da empresa.
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