Brexit: Governo britânico quer “final aberto” para divórcio
Theresa May tinha pedido um período de transição de dois anos, em setembro, mas, entretanto, o Governo mudou de ideias. Pede agora "um final aberto" ditado pelas necessidades de preparação à mudança.
Afinal, os britânicos querem que o período de transição que deverá seguir a concretização do Brexit dure mais do que 24 meses. Em setembro, Theresa May tinha proposto que o divórcio fosse seguido por quase dois anos de transição, mas, entretanto, de acordo com um documento distribuído pelos membros do bloco europeu a que o The Guardian teve acesso, o Governo terá mudado de ideias.
“O Reino Unido acredita que a duração do período de transição deverá ser determinada simplesmente pela duração da preparação e implementação dos novos processos e sistemas que irão servir de bases à relação futura”, explica o documento referido. Apesar de pedir um “final aberto”, o Reino Unido faz questão de notar que esse período deverá mesmo durar os 20 a 24 meses inicialmente planeados. “O Reino Unido concorda com um período de dois anos, mas deseja discutir com a União Europeia a avaliação que determina a data final“, esclarece a proposta citada pelo Financial Times.
O Governo irlandês já tinha sugerido a extensão do período de transição para cinco anos, para que as empresas se consigam preparar para as mudanças. Também os negócios britânicos têm reforçado a necessidade de “manter a porta aberta” por mais tempo, isto é, ficar no mercado único e na união aduaneira.
Já no seio do partido conservador, os pedidos têm ido no sentido de uma saída “mais dura” da União Europeia, devendo este pedido ser um gatilho para o aprofundamento das tensões. Neste quadro, é ainda relevante destacar que a revelação deste documento chega num momento crítico, já que mais de sessenta deputados escreveram a May a insistir num “corte limpo” da UE. Segundo a BBC News, esses políticos dizem que o Reino Unido deve ganhar “autonomia regulatória” total, após a saída da União Europeia, e ser livre de negociar acordos comerciais com outros países.
Reino Unido pede “boa-fé”
O texto enviado pelo Reino Unido aos membros da União Europeia pede ainda que uma cláusula de boa-fé seja incluída no acordo para a transição. Além disto, o documento sugere que deverá ser criado um comité conjunto ao qual se entregará a responsabilidade pelas disputas e conversações que acontecerem durante o período em causa.
Por fim, os britânicos exigem uma maior expressão na definição das políticas pesqueiras comunitárias, defendendo que os tetos de captura devem ser acordados com o Reino Unido ainda antes de serem alargados a todo o bloco.
Os negociadores europeus citados pelo Financial Times consideram que estes são “pedidos impossíveis”. O Reino Unido sai da União Europeia já no próximo ano, depois de os britânicos terem votado a favor deste divórcio a 23 de junho de 2016.
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