Compra de dívida soberana aumenta lucros do BCE
Os lucros do BCE ascenderam a 1,275 mil milhões de euros em 2017, um aumento de 6,9% face ao ano anterior. As participações detidas para fins de política monetária atingiram os 2,386 mil milhões.
O lucro do Banco Central Europeu (BCE) aumentou 6,9% (82 milhões de euros) em 2017, face a 2016, para 1,275 mil milhões de euros, anunciou esta quinta-feira a entidade.
Para justificar o resultado, o BCE enumerou o “rendimento líquido mais elevado da carteira de ativos denominados em dólares dos Estados Unidos e da carteira de títulos adquiridos ao abrigo do programa de compra de ativos (APP, em inglês)”. A dimensão total do balanço do BCE aumentou 18,6% para 414 mil milhões de euros (349 mil milhões em 2016), informou ainda a instituição, um aumento que se deveu “quase exclusivamente aos títulos adquiridos ao abrigo do APP”.
Com as compras de dívida pública e privada houve um aumento do balanço consolidado do Eurosistema em cerca de 22% para 4,472 mil milhões de euros (3,661 mil milhões de euros em 2016). As participações detidas para fins de política monetária atingiram 2,386 mil milhões de euros, contra 1,654 mil milhões em 2016, enquanto as relacionadas com o programa de compra de dívida pública e privada subiram em 754 mil milhões de euros até aos 2,286 mil milhões de euros.
Os valores mantidos no âmbito dos dois primeiros programas para a aquisição de títulos garantidos e o programa para mercados de valores mobiliários diminuíram 9 mil e 13 mil milhões de euros, respetivamente, devido a amortizações. Os resultados líquidos de juros foram de 1,812 mil milhões de euros em 2017 (1,648 mil milhões em 2016), numa subida de 9,9%, enquanto as receitas de juros em termos de ativos de reserva em moeda estrangeira foram de 534 milhões de euros (370 milhões em 2016), num crescimento de 44,3% face aos resultados obtidos com dólares norte-americanos.
As receitas com juros derivados do programa de compra de ativos aumentaram 140 milhões de euros, numa subida de 32,2%. As taxas cobradas às entidades supervisionadas ascenderam a 437 milhões de euros (382 milhões em 2016). Os gastos com pessoal e outros gastos com administração fixaram-se em 535 milhões de euros (467 milhões em 2016) e em 539 milhões de euros (487 milhões em 2016), respetivamente, devido ao aumento de despesas relacionadas com as funções de supervisão do BCE.
O lucro do BCE é distribuído aos bancos centrais nacionais da zona euro. O Conselho do BCE efetuou uma distribuição intercalar de proveitos, no montante de 988 milhões de euros no final de janeiro. Na reunião de quarta-feira ficou decidida a distribuição do remanescente de 387 milhões de euros. Depois de o eurodeputado social-democrata José Manuel Fernandes ter questionado sobre uma eventual canalização de 50% do lucro do BCE para o orçamento comunitário, o presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, precisou que os recursos do BCE já estão ao serviço dos europeus e que é favorável que se discutam novas fontes de financiamento para o orçamento comunitário.
“Esta discussão não está feita e caberá ao Conselho Europeu avaliar estas e outras opções”, disse, numa declaração à Lusa, na quarta-feira. “Mas, como disse ontem [terça-feira] no Parlamento Europeu, sou favorável a que se discutam várias opções porque a verdade é que o orçamento europeu precisa de novas fontes de financiamento para fazer face aos desafios da União”, reforçou.
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