FMI: Quem avisa, amigo é

Um país não pode assentar o seu crescimento apenas num setor, seja o petróleo ou o turismo. Por isso, é preciso atrair o investimento produtivo, seja este nacional, estrangeiro ou da diáspora.

Ao longo dos últimos anos, a sociedade civil tem-se debruçado com independência, sabedoria e interesse pelo seu Pais sobre a evolução da economia, nomeadamente no período pós-troika. Tem sido o caso de intervenções de vários dirigentes empresariais, economistas, gestores bem como de alguns think-tank que têm evidenciado o que corre bem, o que deve ser feito e aquilo que não se deve fazer. A Missão Crescimento (MC), think-tank surgido em 2011, tem ao longo destes anos quer nas suas publicações, quer nas intervenções públicas referenciado certos aspectos da nossa economia que são preocupantes e certas medidas que urgem ser tomadas.

O FMI (Fundo Monetário Internacional), no seu último relatório sobre Portugal, vem sublinhar vários aspectos que a MC há muito vem analisando e divulgando, como vamos ver em seguida.

Portugal tem hoje um défice público dentro do exigido pelo Tratado de Maastricht, tem uma taxa de desemprego baixa relativamente aos valores elevados que atingiu durante a última crise, tem tentado não aumentar o peso da dívida pública em relação ao PIB, as exportações têm-se comportado muito bem e o turismo vai de vento em popa.

Porém, esse mesmo crescimento do turismo deverá ser monitorizado com toda a atenção, pois é natural que venha a ter, relativamente aos níveis de hoje, uma certa quebra nos próximos anos. E, a ser assim, como é natural, os aspectos correlacionados com este sector têm também de ser levados em atenção, como o número de estabelecimentos hoteleiros e de restauração ou o alojamento local. Um país não pode basear o seu crescimento numa única fonte, seja ela o petróleo, os minerais ou o turismo. E, portanto, estamos a tempo de acarinhar e aproveitar este boom turístico, mas atrair de forma eficiente o investimento produtivo, seja este nacional, estrangeiro ou da diáspora lusitana.

Oferecer as melhores condições, em todas as áreas, deverá ser uma preocupação dos nossos dirigentes políticos com a finalidade de, nos vários sectores de actividade, captarem esse investimento de que o país precisa. E, ligado ao investimento, está o tema da poupança nacional. Quer a MC, quer este relatório do FMI assinalam que e urgente incentivar a poupança, das famílias e também das empresas. Países com uma taxa de poupança interna elevada, não se endividam tanto como outros em que o aforro e residual e, consequentemente, assentam o seu desenvolvimento em dívida. Então, medidas incentivadoras da poupança são necessárias, mesmo medidas de índole fiscal se justificadas, no sentido de voltarmos aos níveis médios da Europa em matéria de taxa de poupança nacional.

Estes são dois pontos importantes que ressaltam do último relatório do FMI, mas que também como assinalo são há muito preocupação das entidades fundadoras da MC. Vamos aguardar que sejam considerados por quem nos dirige e que muito em breve comecemos a ver políticas e medidas que colmem aqueles importantes pontos fracos da nossa economia.

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