António Monteiro em dúvida na próxima administração do BCP
Nuno Amado vai manter-se como presidente executivo do BCP, mas a continuidade da António Monteiro está ainda em avaliação, e nas mãos da Sonangol. As listas ficam fechadas nos próximos dias.
O Millennium bcp vai entrar num novo ciclo a partir da próxima assembleia geral de acionistas. E se já é certo que Nuno Amado vai continuar como presidente-executivo, (quase) tudo o resto está ainda em aberto, desde logo a permanência de António Monteiro como chairman em representação da Sonangol, que deixou de ser o maior acionista do banco.
Nas últimas semanas, sucederem-se os contactos entre a Fosun e a Sonangol ao mais alto nível. E o ECO falou com vários protagonistas destas negociações, que preferem manter o anonimato e, além disso, a reserva sobre o estado das negociações. Mas desde que, há três anos, a atual equipa de gestão foi escolhida, muita coisa mudou. Desde logo ao nível acionista, com a entrada da Fosun como maior acionista do banco, com 25% do capital. E na própria Sonangol (15,2%), que tinha Isabel dos Santos como presidente até há algumas semanas, que entretanto foi demitida pelo presidente João Lourenço, e substituída por Carlos Saturnino. Uma fonte que está por dentro das negociações afirmou ao ECO que “as listas ainda não estão fechadas e ainda serão necessários mais uns dias. Da comissão executiva, é prematuro avançar a composição final”. A assembleia geral do banco será a 15 de maio, e os órgãos sociais do banco têm de passar o teste ‘fit and proper’ do BCE.
O que se sabe até ao momento? Por razões diferentes, a Sonangol vai mudar praticamente todos os administradores que entraram na quota da petrolífera angolana. Mas o nome mais sensível é mesmo o de António Monteiro. Mesmo tendo em conta que o poder no BCP mudou de Angola para a China, o ECO sabe que a Fosun não faz questão na mudança de presidente e deixa essa escolha para a Sonangol. Porquê? A Fosun, que em Portugal é liderada por Jorge Magalhães Correia, presidente da Fidelidade, quer uma transição tranquila e quer, sobretudo, garantir que a Sonangol permanece no capital. O nome de António Monteiro não colocará problemas aos chineses e o próprio embaixador, questionado pelo ECO, responde: “Trata-se de uma matéria de acionistas. Poderei apenas adiantar a minha convicção de que as decisões que vierem a ser tomadas terão um carácter consensual”. Sem mais. Outra fonte do ECO refere, ainda assim, que Monteiro já não fará parte do próximo conselho, mas não foi possível confirmar esta informação oficialmente junto da Sonangol.
O que já é certo? Em primeiro lugar, Carlos Silva, que, como revelou o Expresso este fim-de-semana, escreveu uma carta ao presidente do conselho, António Monteiro, em que anuncia que não estará no novo mandato. O caso Fizz estará diretamente relacionado com esta saída do vice-presidente do BCP. Mas não só. Os administradores executivos Iglésias Soares e Conceição Lucas também estão de saída da equipa de gestão executiva.
Além disso, o BCE quer um conselho de administração mais curto do que o atual, entre 15 e 17 membros, quando, neste momento, têm 20 membros em funções. Esta pressão do supervisor europeu coloca também uma dificuldade na escolha dos novos membros do conselho, facto acrescido da necessidade do BCP de ter membros não executivos independentes. Outra incógnita no conselho é António Mexia, que é arguido por corrupção num processo relacionado com as chamadas “rendas excessivas” e que, por isso, poderá ficar de fora por imposição da supervisão. O gestor é presidente da EDP, empresa que tem pouco mais de 2% do capital do banco.
Este fim de semana, o BCP reuniu mais de dois mil quadros na sua reunião anual, no Altice Arena, e segundo uma fonte que participou no encontro, houve um ambiente de confiança no futuro. E há uma boa razão para isso: O banco liderado por Nuno Amado apresentou em 2017 um lucro de 186,4 milhões de euros, 7,8 vezes mais do que no ano anterior. E, desta forma, superou mesmo as estimativas dos analistas.
É também por causa destes resultados que Nuno Amado será um presidente executivo com um poder reforçado. Além de Miguel Maya e Miguel Bragança, é certo que outro nome emerge na nova equipa, o de João Nuno Palma, que foi cooptado no presente mandato quando a Fosun entrou no capital e que, na nova equipa, poderá ter novos pelouros. Já são os três vice-presidentes da comissão executiva do banco e, como dizia outra fonte ao ECO, “quando se vivem momentos de transição, o mais aconselhável é manter as águas calmas”.
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