Isabel dos Santos: “Gostaria de continuar a investir em Portugal”
A empresária angolana diz que tem parceiros em Portugal em quem confia e que gostaria de continuar a investir no país. Mobilidade elétrica é uma aposta forte de Isabel dos Santos.
Numa altura em que Isabel dos Santos está sob forte fogo em Angola, com a sua atuação como presidente da Sonangol a ser investigada pelas autoridades judiciais, os olhos da empresária angolana estão virados para Portugal. Em entrevista ao Jornal de negócios (acesso pago) Isabel dos Santos diz que o seu objetivo é continuar a investir em Portugal, considerando encerrado o capítulo BPI e focando as suas atenções agora no negócio da mobilidade elétrica, onde gostaria que a Efacec fosse líder. Relativamente à investigação de que é alvo diz estar “confortável”, mas que vai apresentar um queixa-crime contra o presidente da Sonangol.
“Tenho parceiros em quem confio e gostaria de continuar a investir em Portugal“, começa por dizer Isabel dos Santos quando questionada sobre se pretende manter os seus investimentos em território nacional, desvalorizando a perda relativamente recente da sua posição no BPI aquando da OPA do CaixaBank.
“Os negócios são mesmo assim” diz a esse propósito, acrescentando que mantém “uma parceria ainda bastante forte com o BPI em Angola, no BFA, e de alguma forma continuamos a trabalhar juntos como parceiros”.
Após considerar encerrado o capítulo BPI, Isabel dos Santos diz que em termos estratégicos, para além da banca, as suas apostas como empresária recaem atualmente sobre os setores da energia e da grande distribuição, e “futuramente a mobilidade elétrica”, onde acredita que a Efacec poderá desempenhar um papel muito importante.
“Acho que há aí um grande mercado e gostava que a Efacec fosse líder nesse mercado“, refere a filha do antigo presidente de Angola, José Eduardo dos Santos. “Em Portugal há muito talento, estamos a fazer parcerias com algumas universidades e a olhar para o desenvolvimento de aplicações, software, programação, enfim, tudo o que é parte integrante da gestão da mobilidade elétrica” especifica a empresária, defendendo a posição de que “Portugal vai ser líder nesse mercado“.
Recentemente, a empresária angolana esteve em Portugal precisamente para a inauguração de uma nova fábrica de mobilidade elétrica da Efacec. Desde há três anos que Isabel dos santos controla 66% do capital através da Winterfell, que resulta de uma parceria com a Empresa Nacional de distribuição de Eletricidade (ENDE) de Angola.
Queixa-crime contra presidente da Sonangol na calha
No seguimento daquilo que considera serem “afirmações e alegações difamatórias” de que é alvo por parte do atual presidente da Sonangol, Carlos Saturnino, a propósito da sua gestão da empresa petrolífera angolana, Isabel dos Santos diz que vai apresentar uma queixa-crime. Na mesma entrevista ao Jornal de Negócios, a empresária angolana classifica ainda como “normal”, o facto de a Procuradoria da República de Angola ter aberto um inquérito, na sequência das denúncias à sua gestão da petrolífera.
As declarações de Isabel dos Santos surgem na sequência das acusações do seu sucessor, Carlos Saturnino, na conferência de imprensa realizada a 28 de fevereiro sobre o estado atual da Sonangol.
Nessa conferência de imprensa, Carlos Saturnino acusou a antiga administração de ter realizado uma transferência de 38 milhões de dólares já após ter sido exonerada, denúncia que já levou a Procuradoria-Geral da República a abrir um inquérito.
“Fiquei muito dececionada com a conferência de imprensa. Estava à espera que se falasse do futuro da Sonangol e dos resultados que se tinha conseguido atingir para, no fundo, perceber as soluções, mas em vez disso lançou-se num ataque direto ao antigo conselho de administração e à minha pessoa em particular. Vou apresentar uma queixa-crime. Estou neste momento a trabalhar com advogados nesse sentido e apresentarei essa queixa em função das afirmações e alegações que foram feitas. São difamatórias. Sem dúvida”, disse.
Na entrevista ao Jornal de Negócios, Isabel dos Santos diz que as acusações de Carlos Saturnino são “completamente infundadas” e que está “confortável” com o inquérito aberto pela Procuradoria-Geral da República de Angola.
“Estou completamente confortável com o procedimento em si. Acho que é bem-vindo. Agora, foi com muito espanto que acompanhei as declarações feitas na conferência de imprensa. As palavras do presidente do conselho de administração atual, Carlos Saturnino, para mim, foram chocantes. Faltaram imenso à verdade”, salientou.
De acordo com a empresária angolana, as palavras de Carlos Satunino “faltaram à verdade de forma completa e total”, salientando que os factos “são simples e facilmente verificáveis”.
Isabel dos Santos diz que não esperava ser logo exonerada pelo Presidente de Angola, João Lourenço, salientando que “há uma campanha política forte contra o governo anterior”.
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