Santa Casa fica com menos de 2% do Montepio. Entra nas próximas duas a três semanas
O presidente da Associação Mutualista Montepio diz que é "uma coincidência" que fim da isenção de impostos aconteça num momento em que vai usufruir de créditos fiscais.
A Santa Casa da Misericórdia de Lisboa deverá concluir o processo de entrada no capital da Caixa Económica Montepio “nas próximas duas a três semanas”, confirmou o presidente da Associação Mutualista, Tomás Correia. A participação da instituição será inferior a 2% do banco, já que essa a participação será detida em conjunto com outras instituições sociais. O valor do investimento rondará os 48 milhões de euros, tal como o ECO já tinha avançado.
“Dentro de duas ou três semanas, a Santa Casa terá entrado no capital da Caixa Económica. Não sei qual a participação exata porque será a Santa Casa que decidirá”, disse Tomás Correia em entrevista à RTP3, esta quinta-feira. “Do lado do capital vai ter algo simbólico, mas a aposta do projeto é grande. É tão simbólico que, no Montepio, decidimos que se avançaria com a possibilidade de ceder a todas as instituições de economia social até 2% do capital do banco”, acrescentou.
O responsável confirmou ainda a notícia do ECO: a participação de 2% na Caixa Económica vai custar entre 45 milhões e 48 milhões de euros às “largas instituições que já manifestaram interesse”.
"Dentro de duas ou três semanas, a Santa Casa terá entrado no capital da Caixa Económica. Não sei qual a participação exata porque será a Santa Casa que decidirá.”
Apesar da abertura do banco às instituições da economia social, Tomás Correia declarou que o Montepio não está à venda. Mas está estabilizado? “Mesmo com toda a avalanche de desinformação, a Caixa Económica cá está. Há sempre coisas a corrigir. Mas o rácio de capita core tier I de 13,5% compara muito bem com o que se passa no sistema financeiro”, destacou o responsável.
Quanto à escolha de Carlos Tavares para presidente do Montepio, Tomás Correia garante que foi ele que falou com o ex-presidente da CMVM e o nome foi “aprovado pelos órgãos sociais”. Tomás Correias confirmou ainda que Tavares “será presidente e executivo”, tal como o ECO avançou, “nos próximos seus meses”. E depois? O presidente da dona do Montepio não responde.
A Batalha de Aljubarrota
Na mesma entrevista, Tomás Correia esclareceu que “não negociou com nenhum ministro nem com o Governo os créditos fiscais” de 808 milhões de euros que permitiram à instituição sair de um buraco de capitais próprios negativos em 2016. Diz que foi uma “coincidência” que o fim da isenção de impostos tenha acontecido no momento em que vai começar a usufruir desses créditos fiscais. E recusa a ideia de que a solução tenha servido para esconder os problemas da mutualista.
“A Associação nunca esteve na situação de falência técnica. Há uma ideia errada de que se apuram essas situações de insolvência a partir de contas consolidadas”, frisou o responsável, adiantando que “o problema que tem levado a Associação Mutualista a ter resultados negativos está resolvido“.
Falando num “caudal de notícias” negativas para a mutualista, Tomás Correia diz que travou “nos últimos quatro anos uma autêntica Batalha de Aljubarrota” que “poucos teriam capacidade de resistir”. Aliás, lembrou que os resgates de 1.000 milhões de euros observados nos produtos mutualistas em 2017 resultaram das “notícias especulativas” em torno da situação da associação e que provocaram a desconfiança dos seus associados.
(Notícia atualizada às 23h13)
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