Novo Banco com prejuízo recorde de 1,39 mil milhões

Confirma-se. O Novo Banco apresentou perdas de 1.395 milhões de euros em 2017, o pior registo desde que o banco de transição foi criado, em agosto de 2014.

Confirma-se mais um trimestre de perdas para a instituição liderada por António Ramalho. O Novo Banco fechou 2017 com os maiores prejuízos da sua breve história, contabilizando perdas de 1,4 mil milhões de euros.

A informação foi submetida em comunicado à CMVM, onde o Novo Banco refere que “o resultado do exercício foi de 1.395,4 milhões de euros”. Este valor recorde, que levou a instituição a acionar o Mecanismo de Capital Contingente no valor de 792 milhões, compara com os 788,3 milhões de euros de prejuízos registados em 2016.

São já 13 trimestres — dos 14 que tem de vida — de resultados negativos para a instituição liderada por António Ramalho. Um desempenho que se justifica pelas elevadas imparidades que têm sido registadas num processo de limpeza de balanço. Essas imparidades atingiram o valor de 2.057 milhões de euros.

Excluindo as imparidades, o Novo Banco registou em 2017 um resultado operacional positivo de 341,7 milhões de euros, ainda assim inferior em 44,9 milhões de euros ao do exercício anterior.

“O produto bancário foi de 890,9 milhões de euros (-8,9% em termos homólogos), não considerando a ativação do Mecanismo de Capital Contingente”, refere o Novo Banco.

“O resultado financeiro, em função do deleverage realizado, apresentou uma redução de 23,3% enquanto a evolução das comissões se saldou por um crescimento de 17,2%”. Isto ao mesmo tempo que os resultados de operações financeiras (aumentaram 45,2%) refletiram “os ganhos apurados com os resultados da operação LME (209,7 milhões)”.

No comunicado, o Novo Banco sublinha também: “Em linha com estas condicionantes e com o processo de delevarage em curso, o resultado financeiro apresentou uma redução de 23,3% em termos homólogos, situando-se em 394,6 milhões de euros. De referir que o efeito positivo da redução do custo dos passivos em 34 pontos base (de 1,39% em dezembro de 2016 para 1,05% em dezembro de 2017) não foi suficiente para compensar a redução verificada na taxa ativa (-55 pontos base), pelo que a margem financeira apresenta um decréscimo de 21 pontos base, face a dezembro de 2016, evoluindo de 1,10% para 0,89%.”

“De destacar o contributo dos depósitos para a redução da taxa dos passivos, cuja taxa média de remuneração evoluiu de 0,91% em dezembro de 2016 para 0,86% no final de 2017. Do lado dos ativos, para além da redução dos proveitos com origem no crédito a clientes, assistiu-se também à descida da remuneração dos restantes ativos financeiros”, resume ainda a instituição.

Crédito encolhe, depósitos crescem

Em 2017, o Novo Banco viu o crédito a clientes registar uma queda de 2,3 mil milhões de euros. Em causa esteve, sobretudo, o crédito atribuído a empresas, que caiu 10,5%.

No entanto, o banco gerido por António Ramalho destaca a “estabilidade do crédito a particulares”, que cresceu 0,3% para 11.330 milhões de euros. Em particular, esta evolução é justificada com um “aumento de 25 milhões de euros no crédito à habitação”.

Ao mesmo tempo, o Novo Banco registava a 31 de dezembro de 2017 depósitos na ordem dos 29,7 mil milhões de euros. Trata-se de um aumento de 16,1% face a 2016.

“Esta evolução evidencia, por um lado, a consolidação da relação com os clientes no âmbito da retoma da normalidade operacional e da recuperação do funding e, por outro, os efeitos da operação de LME concretizada no último trimestre do ano (novos depósitos no montante de 1,8 mil milhões de euros)”, explica o banco. Por outras palavras, isto acontece porque a maior parte dos credores do banco optaram pela conversão das suas obrigações por depósitos no âmbito da operação de troca de dívida que ocorreu em meados do ano passado.

Novo Banco corta nas despesas e reduz trabalhadores

Nota ainda para os gastos operacionais do Novo Banco. A empresa conseguiu reduzir os custos operativos em 7,1% no ano passado, para 549,2 milhões de euros, “reflexo das medidas de reestruturação associadas a um redimensionamento da rede de distribuição e à simplificação/redução da estrutura organizacional e dos processos, com a consequente redução do número de colaboradores”, explica.

E em quantos trabalhadores se reduziu o Novo Banco? Fechou 2017 com menos 608 funcionários do que em 2016 — ficando, ainda assim, com uma força de trabalho de 5.488 pessoas, segundo a nota enviada esta quarta-feira ao regulador dos mercados.

Mas a empresa não só cortou nas despesas com pessoal (caíram 9,1% face a 2016, para 275,7 milhões) como o fez nas despesas gerais administrativas (diminuíram 6,9% para 215,4 milhões). Como explica o banco, “a evolução apresentada pelos custos operativos está também relacionada com o redimensionamento da rede de distribuição face à nova realidade do negócio”. Ou seja, a empresa viu-se obrigada a reduzir o número de balcões. Concretamente, o Novo Banco encerrou 64 balcões em 2017, mantendo, ao final do ano, 473 balcões em todo o país.

(Notícia atualizada pela última vez às 18h38 com mais informações)

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