Primeiros 100 dias de Centeno à frente do Eurogrupo sem sobressaltos
Os primeiros 100 dias de Mário Centeno na presidência do Eurogrupo foram marcados pelos trabalhos com vista à conclusão do resgate à Grécia e à reforma da zona euro.
Eleito em dezembro de 2017 para a liderança do fórum informal de ministros da zona euro, Centeno recebeu o “testemunho” do seu antecessor, o holandês Jeroen Dijsselbloem, em 12 de janeiro, numa cerimónia na Embaixada de Portugal em Paris.
Iniciou funções no dia seguinte e, desde então, já presidiu a três reuniões do Eurogrupo, todas elas dedicadas ao aprofundamento da União Económica e Monetária (UEM), com as atenções focadas na união bancária, e ao programa grego, num contexto bem diferente daquele vivido em Bruxelas durante os tempos de crise num passado recente.
Um primeiro balanço destes trabalhos sob a presidência de Centeno só será, todavia, possível no verão, já que é em junho que é suposto serem alcançados acordos políticos sobre a reforma da zona euro e em agosto a Grécia deverá concluir o seu terceiro programa de ajuda externa e a Europa ficar enfim sem “resgates” em curso.
Tendo assumido a liderança do Eurogrupo numa conjuntura favorável — numa situação de retoma da economia europeia, com o programa de assistência à Grécia “nos carris” e sem nenhuma crise com que lidar –, foi logo no início do seu mandato que Centeno teve que enfrentar a primeira polémica, mas rapidamente ultrapassada: a pretensão do líder parlamentar do Partido Popular Europeu (PPE), Manfred Weber, anunciada em 30 de janeiro, de agendar um debate no hemiciclo sobre “as alegações” relativas a hipotéticos benefícios concedidos pelo ministro das Finanças em troca de bilhetes de jogos de futebol.
As próprias delegações do PSD e CDS — que integram o PPE — ajudaram a extinguir desde logo a eventual controvérsia em torno do caso (entretanto arquivado pelo Ministério Público em Portugal), considerando “impertinente” e “absurda” a questão, que “morreu” logo aí, sem ter sido sequer equacionado pela assembleia um debate parlamentar.
Centeno tem podido então dedicar-se, num ambiente tranquilo, às suas novas funções de presidente do Eurogrupo, apostado em aproveitar “a janela de oportunidade” que há atualmente no espaço da moeda única, “em termos políticos e económicos” para fazer avançar os trabalhos com vista a completar a reforma das instituições da zona euro, aquela que apontou como a grande prioridade quando assumiu a presidência.
Em 23 de março passado, o presidente do Eurogrupo participou numa cimeira de chefes de Estado e de Governo da União Europeia, que revelou que ainda há muitas diferenças a ultrapassar entre os Estados-membros com vista às reformas, que Centeno disse, no entanto, acreditar que podem ser ultrapassadas.
“Naquilo que tem sido o trabalho do Eurogrupo, ele tem evoluído de forma bastante construtiva, sempre numa dimensão muito alargada de opiniões que existem na UE e na área do euro sobre estas matérias, mas sem preocupação de maior”, disse na ocasião, acrescentando que o objetivo é que “a instituição Euro saia deste processo de reforma reforçada, na sua capacidade de gestão de crises, nas suas dimensões de estabilização macroeconómica, na sua capacidade de trazer as poupanças que são geradas na Europa para investimento na Europa”.
Bem encaminhada está a outra “frente” do início de mandato, o programa de assistência à Grécia, tendo sido já Centeno a anunciar, em 02 de março, a conclusão bem-sucedida da terceira e penúltima revisão do programa, que abriu caminho ao desembolso de 5,7 mil milhões de euros para Atenas, no final do mês.
Centeno é o terceiro presidente da história do fórum de ministros das Finanças da zona euro, depois do luxemburguês Jean-Claude Juncker e do holandês Jeroen Dijsselbloem, tendo sido eleito para um mandato de dois anos e meio, até meados de 2020.
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