EUA saem do acordo nuclear. Quase todos os países “lamentam”
"Hoje anuncio que os Estados Unidos se retiram do acordo nuclear com o Irão”, disse Trump. Rasgou um acordo alcançado em 2015, decisão que quase todos os países lamentam. Leia as reações.
Donald Trump anunciou que os Estados Unidos abandonam o acordo nuclear assinado entre o Irão e o grupo 5+1 (os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU – EUA, Rússia, China, França e Reino Unido – e a Alemanha) que visou, em troca de um levantamento progressivo das sanções internacionais, o fim do programa de armamento nuclear iraniano. As reações não se fizeram esperar. Quase todos lamentam.
“Hoje anuncio que os Estados Unidos se retiram do acordo nuclear com o Irão”, disse Trump numa declaração à imprensa na Casa Branca, acrescentando que os Estados Unidos “voltarão a impor sanções económicas ao mais alto nível”. Donald Trump afirmou que tem “a prova” de que o Irão mentiu sobre o seu programa nuclear, classificando aquele país como “um regime de grande terror”.
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A decisão já mereceu reações dos quatro cantos do mundo. A maioria “lamenta” que Trump tenha decidido sair do acordo que tinha sido alcançado com o Irão para a não-proliferação do nuclear em 2015, após 21 meses de negociações. No entanto, há também quem apoie a “decisão corajosa” de Trump, como é o caso de Israel.
Governo “lamenta bastante”. Marcelo subscreve
O Governo português “lamenta bastante” a saída dos EUA do acordo nuclear com o Irão, mas espera que esta seja “compensada” pela determinação dos restantes signatários de manterem a sua posição, disse à Lusa o ministro dos Negócios Estrangeiros.
“Lamentamos bastante a decisão dos Estados Unidos. Nós, Portugal e a União Europeia, tudo fizemos para convencer os nossos amigos americanos a não darem este passo”, afirmou hoje Augusto Santos Silva, em declarações à Lusa.
O Governo português vê o acordo como “um instrumento positivo”, com o objetivo de “impedir que o Irão chegue à produção de armas nucleares próprias”, referiu o governante, sublinhando que, segundo a Agência Internacional de Energia Atómica, o Irão “tem cumprido até agora os compromissos que assumiu”.
Nu uma breve nota divulgada no sítio oficial da Presidência da República, Marcelo Rebelo de Sousa “subscreve plenamente a posição do Governo, tornada pública esta tarde, sobre a decisão do Presidente dos Estados Unidos da América de retirada unilateral do acordo nuclear com o Irão”.
Macron, May e Merkel também lamentam
O presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, analisaram em conjunto a decisão do presidente norte-americano, Donald Trump, sobre o acordo nuclear com o Irão.
“França, Alemanha e Reino Unido lamentam a decisão dos EUA de sair do acordo com o Irão. O regime de não proliferação nuclear está em risco”, lê-se no tweet que Macron publicou na rede social.
Tweet from @EmmanuelMacron
França, Inglaterra e Alemanha são três dos países signatários do acordo de 2015 com o Irão.
Obama critica “erro grave” de Trump
O antigo presidente Barack Obama qualificou de “erro grave” a decisão de Donald Trump de retirar os Estados Unidos do acordo sobre o nuclear iraniano, considerando que pode prejudicar a credibilidade dos Estados Unidos no mundo.
“Penso que a decisão de colocar [o acordo] em risco sem qualquer violação do acordo pelos iranianos é um erro grave”, indicou o ex-presidente dos EUA numa declaração num tom particularmente firme.
Sem este acordo, assinado em 2015 após perto de dois anos de negociações internacionais, “os Estados Unidos poderão no final encontrar-se perante uma escolha perdedora entre um Irão com a arma nuclear ou uma outra guerra no Médio Oriente”, alertou.
"Numa democracia, haverá sempre mudanças de políticas e de prioridades de uma administração para outra (…) Mas desrespeitar de modo sistemático os acordos do qual o nosso país é parte pode corroer a credibilidade da América”
“A realidade é clara”, insistiu, o acordo, que é “um modelo do que a diplomacia pode conseguir”, funciona e “é no interesse da América”, disse, lamentando uma decisão que significa virar as costas aos “mais próximos aliados da América”, casos do Reino Unido, França e Alemanha.
“Numa democracia, haverá sempre mudanças de políticas e de prioridades de uma administração para outra (…) Mas desrespeitar de modo sistemático os acordos do qual o nosso país é parte pode corroer a credibilidade da América”, adiantou Obama.
Irão “vai manter-se” no acordo
O presidente iraniano, Hassan Rohani, anunciou que o Irão “vai manter-se” no acordo nuclear de 2015 após a retirada dos Estados Unidos, caso os seus interesses sejam garantidos, e tomará decisões posteriores em caso contrário.
“Devemos ser pacientes para ver como os outros países reagem”, disse Rohani num discurso, numa alusão às restantes potências que assinaram o acordo nuclear, e sugerindo que pretende discutir com europeus, russos e chineses.
Nações Unidas apela ao compromisso dos restantes países
O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, apelou aos restantes seis países signatários do acordo nuclear com o Irão que “respeitem totalmente os seus compromissos”, apesar da retirada dos Estados Unidos.
"Estou profundamente preocupado com o anúncio da retirada dos Estados Unidos do acordo e o retomar de sanções das sanções dos Estados Unidos”
“Estou profundamente preocupado com o anúncio da retirada dos Estados Unidos do acordo e o retomar de sanções das sanções dos Estados Unidos”, referiu António Guterres, através do seu porta-voz.
António Guterres salientou que o acordo é uma “grande conquista” da diplomacia, que contribuiu para a “paz e segurança nacional e internacional”.
Decisão “corajosa”, diz Israel
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, felicitou o Presidente norte-americano Donald Trump pela sua decisão em abandonar o acordo nuclear com o Irão e voltar a impor sanções ao país, logo após o anúncio transmitido pela televisão.
“O Presidente Trump tomou uma decisão corajosa”, disse Netanyahu, que agradeceu em nome de todos os israelitas as medidas do Presidente dos EUA “para travar a atitude agressiva do Irão”.
Arábia Saudita “apoia e saúda” decisão de Trump
A Arábia Saudita, rival regional do Irão e aliada dos Estados Unidos, disse que “apoia e saúda” a decisão do Presidente norte-americano, Donald Trump, de se retirar do acordo sobre o programa nuclear iraniano.
“O reino apoia e saúda os passos anunciados pelo Presidente norte-americano para se retirar do acordo nuclear (…) e o restabelecimento das sanções económicas contra o Irão”, indica o Ministério dos Negócios Estrangeiros saudita.
Os Emirados Árabes Unidos e o Bahrein, aliados da Arábia Saudita no Golfo, seguiram Riade saudando a decisão de Trump. O Bahrein acolhe a 5.ª frota norte-americana.
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