Patrick Drahi sobre a multa de Bruxelas à Altice: “Faremos tudo para não pagar”

Acusada de controlar a PT antes de ter luz verde de Bruxelas, o fundador do grupo Altice diz que a empresa "vai fazer tudo" para não pagar a multa de 124,5 milhões de euros à Comissão Europeia.

A Altice ATC 0,00% vai recorrer à Justiça para tentar anular a multa de 124,5 milhões de euros imposta pela Comissão Europeia, que concluiu que a empresa exerceu poder sobre a PT Portugal ainda antes de o negócio ter sido aprovado pelos reguladores. Em resposta a uma pergunta do ECO, o fundador da Altice disse que a empresa “vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para não pagar”.

Instado pelo ECO a comentar a multa aplicada pela Comissão Europeia, Patrick Drahi disse discordar “inteiramente” da posição tomada por Bruxelas. “Não sei como foram feitos os cálculos [para chegar ao valor da multa]. Por isso, vamos para tribunal para contestar esta decisão”, afirmou o multimilionário franco-israelita, que fundou a Altice em 2001.

A Altice está a tentar fechar outro negócio em Portugal: a compra da Media Capital, dona da TVI, pela qual oferece 440 milhões de euros. Esta segunda-feira, soube-se que a dona da Meo apresentou oito compromissos para aliviar os receios da Autoridade da Concorrência (AdC), que se encontra a avaliar o negócio e tem o poder de o aprovar ou chumbar.

Sobre se está mais confiante de que o regulador vai aprovar a compra da TVI, Patrick Drahi afirmou que está “sempre muito confiante”. “Nada altera a minha confiança e nem depende de mim. Quando algo não depende de nós, não temos de fazer nada. É só esperar pela decisão das autoridades”, afirmou. Patrick Drahi admitiu ainda que o regulador português “tem todas as hipóteses em cima da mesa”.

Em Portugal, a Altice está também a tentar vender cerca de 3.000 torres de telecomunicações. Questionado pelo ECO sobre se a venda já foi fechada, Patrick Drahi explicou que não e afirmou que pode nem sequer acontecer, se “não houver um bom preço”. Sobre quem são os interessados, o empresário afirmou: “Só posso dizer quantos são: são muitos. Mais de dez. Há muito interesse de todo o mundo. É visto pelos interessados como um investimento imobiliário de longo prazo.”

Patrick Drahi foi ainda questionado sobre se tenciona vender o negócio do grupo em França, uma hipótese que tem vindo a ser avançada pela imprensa local. No entanto, rejeitou completamente essa ideia. “Não estou a vender o meu negócio em França. Comecei o meu negócio em França e não há qualquer hipótese de o vir a vender”, disse. Acrescentou ainda que a Altice não recebeu nenhuma proposta pela venda da operadora SFR.

“Não me importo com o dinheiro”

O fundador do grupo Altice esteve esta terça-feira em Lisboa, onde lançou o novo Centro de Inovação Tecnológica e Empreendedorismo da Católica-Lisbon. O projeto recebeu financiamento da Fundação Patrick e Lina Drahi e, no evento, estiveram ainda presentes a filha do casal, Grazielle Drahi, bem como outros altos cargos da Altice: Alain Weill, líder da NextRadioTV (detém o canal BFM em França) e Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal. Houve direito a perguntas da plateia, sobretudo acerca da fórmula para o sucesso do empresário.

Patrick Drahi disse que teve “sorte” quando decidiu criar o seu próprio negócio. “Nos anos 90, o negócio das telecomunicações era de monopólio. Era um bom mercado, com apetência à tecnologia e ao sucesso”, explicou. Com uma fortuna avaliada em 6,5 mil milhões de dólares, o patrão da Altice considerou que se trataram de “dois fatores”. O primeiro foi “paixão e paciência”. “O segundo é que nunca ninguém conseguiu controlar-me”, disse o sócio fundador do grupo Altice.

Ninguém conseguiu controlar-me e tive de criar a minha própria empresa. Tive sorte. Nos anos 90, o negócio das telecomunicações era de monopólio. Era um bom mercado, com apetência à tecnologia.

E continuou: “Não me importo com o dinheiro. Sempre fiquei muito chateado quando não era o número um”, disse Patrick Drahi, aconselhando os alunos presentes a seguirem o próprio instinto e a “não ouvirem ninguém”. Por fim, o empresário afirmou que o importante é ter “paixão, paciência e muita motivação”.

O grupo Altice foi criado em 2001 e, ao longo dos anos, apostou numa estratégia de crescimento inorgânico, tendo adquirido diversas empresas, entre as quais a PT Portugal (dona da Meo), que era detida pelos brasileiros da operadora Oi depois da fusão falhada entre as duas operadoras. A Altice foi acumulando uma dívida que chegou perto dos 50 mil milhões de dólares e anunciou no ano passado um programa de venda de ativos para reforçar a sua liquidez.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h37)

Cotação das ações da Altice na bolsa de Amesterdão

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