Os portugueses querem uma “nação autoritária“ a mandar na EDP? A pergunta é do FT
O Financial Times, na rubrica Lex, lembra que metade dos ativos da EDP Renováveis está nos EUA e diz que os americanos poderão ter uma palavra a dizer no negócio dos chineses para controlar a EDP.
A eventual oferta pública de aquisição (OPA) dos chineses sobre o capital da Energias de Portugal (EDP) já mereceu um comentário por parte da coluna Lex do jornal britânico Financial Times (acesso pago).
No artigo com com o sugestivo título “China/EDP: power to the people”, o FT recorda que a China depende, e muito da energia hídrica, e recorda o projeto da barragem da China Three Gorges, a maior do mundo, com capacidade para produzir 22,5 gigawatts de eletricidade.
Sobre a OPA à EDP, o FT diz que desde a crise financeira os chineses tornaram-se grandes investidores em Portugal e lembra o investimento da China State Grid na REN, a compra de 80% da Fidelidade pela Fosun, e o investimento da Sinopec no petróleo no Brasil, juntamente com a Galp Energia.
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Uma “grande nação autoritária a desemprenhar este papel numa pequena democracia gera alguma desconfiança”, escreve a publicação britânica.
A China Three Gorges deverá lançar uma oferta para comprar os 77% que ainda não detêm da EDP, empresa que está avaliada em 30 mil milhões de euros (capitalização bolsista e dívida). E uma OPA, lembra o FT, levaria a China Three Gorges a ter de comprar a posição dos minoritários também na EDP Renováveis, empresa detida em 82,6% pela EDP.
A coluna Lex afirma que o Governo português viu com bons olhos o investimento dos chineses no difícil período da crise financeira, “mas temos que questionar se o povo português quer ver a sua utility controlada por uma entidade estrangeira?”
O FT levanta ainda uma outra questão sensível sobre este negócio: quase metade dos ativos da EDP Renováveis está nos EUA, o que quer dizer que “é muito provável” que o Committee on Foreign Investment analise a operação, acrescentando que esta entidade bloqueou recentemente muitos negócios com chineses.
Diz ainda que “a EDP não está a precisar de ajuda financeira. Libertou cash flow, mesmo depois dos dividendos, nos em quatro dos últimos cinco anos”. “Qualquer que seja o poder que a China teve sobre Portugal nos últimos anos, os problemas políticos podem comprometer este negócio”, conclui a análise da coluna Lex.
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