Já vai longa a lista de interessados na EDP. Será desta?

Depois da E.On, da Gas Natural Fenosa, da Enel e da Engie, é a vez do Estado Chinês. Nos últimos anos a elétrica tem atraído o interesse de vários gigantes do setor.

Usam-se todos os dedos de uma mão para contar o número de empresas que foram apontadas como potenciais interessadas na EDP nos últimos anos. E.On, Gas Natural Fenosa, Enel, Engie e, esta sexta-feira, um consórcio chinês que inclui a China Three Gorges poderá mesmo avançar com uma OPA para ficar com a maioria do capital da maior elétrica nacional. A empresa liderada por António Mexia é considerada um dos ativos mais apetecíveis da Europa. Será desta, com os chineses, que vai haver uma OPA?

E.On: derrotada pelos chineses na corrida à privatização de 21% da EDP

Em dezembro de 2011, a revista alemã Der Spiegel avançava que alemã E.On teria feito chegar a Portugal uma oferta para compra da participação do Estado português na EDP, empresa na altura avaliada em 8,5 mil milhões de euros.

A participação da E.ON na EDP era encarada como parte da estratégia da maior empresa alemã para investir mais em energias renováveis, nomeadamente na energia eólica e energia solar. Com a aquisição da EDP, a E.On poderia tornar-se líder do mercado mundial no setor das renováveis.

Segundo a Der Spiegel, a transação deveria estar concluída nesse mesmo ano. No entanto, a operação não avançou. A alemã foi derrotada pelos chineses da Three Gorges Gorges, que detém atualmente (direta e indiretamente) 28,25% da elétrica portuguesa. “A aquisição de uma participação na EDP teria sido favorável para a E.On e para a EDP. No entanto, não conseguimos oferecer mais [do que os 2,5 mil milhões de euros] do que podíamos justificar como um valor apropriado tendo em conta a criação de valor“, afirmou na altura, em comunicado, o presidente da E.On, Johannes Teyssen

Gas Natural Fenosa: Fusão? Afinal não

Recuemos a 3 julho do ano passado, quando a Reuters noticiou que a Gas Natural Fenosa (GNF) tinha abordado António Costa sobre a possibilidade de uma fusão com a EDP. De acordo com a agência de notícias, a energética espanhola procurava um parceiro estratégico para criar um gigante ibérico, colocando a empresa de António Mexia como uma hipótese.

Uns dias depois, o ECO noticiou que Isidro Fainé, presidente da GNF, tinha-se reunido com o primeiro-ministro em Lisboa, com o objetivo de convencer o governo português das virtudes de uma fusão entre as duas companhias.

Contudo, um dia depois de ter sido noticiado pela Reuters o contacto entre ambas, a EDP negou a existência de negociações com a Gas Natural Fenosa. Em comunicado enviado ao mercado, a EDP informou: “No seguimento da notícia difundida ontem, dia 3 de julho, pela agência Reuters com o título ‘Gas Natural aproxima-se da EDP com vista a fusão’, a EDP vem por este meio negar a existência de negociações entre as duas entidades sobre este tema”.

Enel: Analisar oportunidades não é estar interessado nelas

Cerca de dois meses mais tarde, em novembro, o jornal Expansión escrevia que a EDP poderia estar na lista de potenciais alvos da italiana Enel, que estaria a estudar a hipótese de adquirir a energética portuguesa, para além das alemãs Innogy e RWE. De acordo com a EFE, a Enel pretendia investir 5.000 milhões de euros na Península Ibérica entre 2018 e 2020.

No entanto, essa possibilidade veio também a descartar-se, uma vez que a italiana explicou ao Expansión que analisar as “oportunidades identificadas pelos intermediários” é diferente de estar interessado nelas, escreveu na altura o Jornal de Negócios.

Não tardaram os comentários dos analistas do Haitong, face às notícias de potenciais interessados na energética nacional, explicando que “o possível interesse de grandes empresas europeias não é novo”, dado o tamanho da EDP, o que a tornava num “bom alvo”. No entanto, diziam ter “algumas dúvidas” quanto ao facto de a EDP ser do interesse da Enel: “Assim, não consideramos que esteja no topo da lista dos possíveis interessados na EDP“, diziam.

Engie: Nem com os franceses

No início de abril deste ano, foi a vez de os franceses demonstrarem interesse na empresa de António Mexia. De acordo com o francês o jornal BFM, o grupo Engie, o segundo maior grupo energético do mundo, estaria interessado na aquisição da elétrica. Segundo o mesmo jornal, Isabelle Kocher, líder do grupo francês, e António Mexia estiveram em contacto.

O jornal francês citou fontes próximas da empresa francesa para afirmar que a operação estaria a ser estudada há algumas semanas, sendo que nenhuma decisão seria tomada até à tomada de posse do novo presidente da Engie, Jean Pierre Clamadieu, a 18 de maio.

O patrão da EDP parece estar à procura de uma parceira industrial para controlar os apetites do seu principal acionista“, escrevia ainda o BFM, referindo-se ao grupo China Three Gorges. “Este teme que assumam o controlo do grupo. O Governo português também gostaria de evitar a compra por parte dos chineses”.

No entanto, foi tudo pelo mesmo caminho. A EDP, contactada pelo ECO, começou por recusar qualquer comentário, para depois negar o interesse. “Face ao artigo hoje publicado no site de notícias Francês BFM Business, com o título ‘Engie lorgne Energias de Portugal’, a EDP vem esclarecer o mercado de que não foram estabelecidos quaisquer contactos, nem mantidas quaisquer negociações com vista a operações de consolidação”, apontou a elétrica em comunicado, publicado no site da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários.

Será que à quinta é de vez?

A notícia mais recente chega da China, esta sexta-feira, em que o Expresso avança que consórcio chinês que inclui a China Three Gorges está a preparar o lançamento de uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre a EDP. Contactada pelo ECO, a EDP não comenta esta informação.

A informação do semanário vem confirmar uma possibilidade que já é falada no mercado há algumas semanas. No mês passado, tal como escreveu o ECO, quando António Mexia estava prestes a ser reconduzido como presidente executivo da EDP, o cenário de uma OPA lançada pela China Three Gorges já era discutido nos corredores.

Atualmente, o Estado chinês já detém 28,25% da EDP, através da China Three Gorges (que controla 23,27% da elétrica) e da empresa estatal CNIC (que detém os restantes 4,98%). O Expresso refere que o Governo português não deverá opor-se a que a China aumente esta posição de controlo, devendo mesmo apoiar a operação.

Nos últimos meses, a China Three Gorges já tinha manifestado disponibilidade para reforçar no capital da EDP. Qualquer acionista que ultrapasse os 33,34% do capital de uma empresa é obrigado a lançar uma OPA sobre essa empresa.

Atualmente, a EDP é considerada um dos ativos mais apetecíveis na Europa, sobretudo porque tem uma posição relevante na área das energias renováveis e porque na Europa o momento é de consolidação do setor da energia. Fechou o ano de 2017 com lucros de 1.113 milhões de euros, um aumento de 0,16% face a 2016. Relativamente ao primeiro trimestre deste ano, reportou lucros de 166 milhões de euros, uma quebra de 23% face aos lucros de 215 milhões que tinha alcançado em igual período do ano passado.

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