Governo italiano: Sabe quem é Carlo Cottarelli, o “senhor tesouras”?
O antigo diretor do FMI Carlo Cottarelli foi convidado pelo Presidente italiano para formar um Governo de iniciativa presidencial. O economista começou por sossegar os mercados, mas e os italianos?
Carlo Cottarelli já tinha alertado, enquanto dirigente do Observatório das Contas Públicas italiano, para o risco das políticas económicas nas propostas dos partidos Movimento Cinco Estrelas (M5S) e a Liga. O antigo alto responsável do FMI para Itália irá agora ser o responsável por organizar o próximo Orçamento do Estado italiano, e dirigir os destinos do país até às próximas eleições, o mais tardar no princípio de 2019. Quem é o apelidado “senhor tesouras” que os populistas rejeitam?
O Presidente italiano Sergio Mattarella chamou esta manhã de segunda-feira Cottarelli para o nomear para formar um Governo de iniciativa presidencial, após terem falhado as negociações junto do M5S e da Liga. A dificuldade de integrar a visão anti-euro dos partidos populistas com a necessidade de manter as finanças públicas equilibradas acabou por ser insuperável, fazendo Giuseppe Conte, o nome escolhido pelos dois partidos, desistir de formar Governo e Mattarella indigitar Cottarelli.
A ideia é que o Governo constituído por Cottarelli venha a governar até às próximas eleições no princípio de 2019, evitando eleições antecipadas. No entanto, o economista terá de encontrar apoio num Parlamento onde o M5S e a Liga, juntos, têm uma maioria dos deputados, o que poderá dificultar a tarefa. O tecnocrata não é bem visto entre os partidos populistas, devido ao seu passado ligado à austeridade.
Carlo Cottarelli, de 64 anos, estudou na London School of Economics e na Universidade de Siena, e trabalhou na área do setor financeiro e monetário no Banco de Itália enquanto economista. Foi depois de seis anos nesse posto que se tornou alto responsável do FMI, focado no campo orçamental, responsável pela publicação do Fiscal Monitor. Em novembro de 2013, foi nomeado Comissário Extraordinário para a Revisão da Despesa, pelo Governo de centro-esquerda de Enrico Letta. Foi nessa altura que, segundo a Agence France Presse, ganhou a alcunha “Senhor Tesouras”, e também “Senhor Revisão da Despesa”. Em 2014, Matteo Renzi voltou a nomeá-lo para o FMI, onde se tornou diretor executivo. Demitiu-se em 2017 para assumir o seu posto atual no Observatório das Contas Públicas, na Universidade Católica de Milão.
Os partidos da coligação que pretendia governar, o M5S e a Liga, não esperaram para fazer ouvir as suas críticas. “É um destes peritos cheios de lições a dar, que estão decididos em acabar com a Saúde, a Educação, a Agricultura”, disse Luigi Di Maio, um dos líderes do M5S, partido antissistema. Matteo Salvini, do partido de extrema-direita e nacionalista a Liga, publicou um vídeo no Facebook, em italiano, no qual apelida Cottarelli de “um Senhor Pessoa que representa as finanças internacionais”.
Junto do jornal francês Les Échos, numa entrevista sobre o acordo governamental do M5S e da Liga, Carlo Cottarelli argumentava que a proposta dos partidos não era exequível, por ter um custo demasiado elevado sem bases de financiamento. Agora, Cottarelli deve procurar junto do Parlamento apoio para o seu próprio Orçamento, ou Itália terá de enfrentar eleições antecipadas.
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