Trabalho e família? Patrões discutem, mas falam em ironia e “lógicas utópicas”
Costa quer horários que permitam conciliar vida profissional e familiar. E os parceiros sociais aceitam discutir o tema. Mas o patronato fala em ironia e utopia e a CGTP aponta o dedo à precariedade.
António Costa apelou no domingo a um “grande acordo de concertação social” no âmbito da conciliação entre vida profissional e familiar. E os parceiros dizem estar disponíveis para essa discussão. Mas enquanto o representante patronal do Comércio alerta para “lógicas utópicas”, a CIP diz que “não deixa de ser irónico” que o líder socialista passe esta mensagem agora.
“Não deixa de ser irónico que no momento em que se está a alterar o banco de horas, por outro lado [António Costa] venha referir a necessidade de adaptar os horários para conciliação de trabalho e família”, afirmou António Saraiva ao ECO.
A CIP já defendeu que o banco de horas individual é favorável também aos trabalhadores, no âmbito da articulação entre a vida profissional e pessoal. E contestou desde sempre o fim deste instrumento. Na última reunião de concertação social, o Governo manteve a proposta de eliminar aquela figura, mas propôs a possibilidade de instituir bancos de horas por acordos de grupo.
Em sentido contrário, a UGT entende que os mecanismos de flexibilidade de horários que existem na lei “não conseguiram fazer com que a conciliação da vida pessoal com a vida familiar fosse feita”. E por isso quer discutir o tema.
Voltando ao patronato, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP) também aceita debater o assunto, mas alerta desde logo que o tema “tem de ser visto consoante os setores”. João Vieira Lopes nota ainda que a organização do tempo de trabalho “é a área em que os sindicatos têm resistido mais na contratação coletiva”.
O tema “merece uma reflexão, mas não podemos cair em lógicas utópicas”, frisa. “Com o perfil das nossas empresas, com o nível de produtividade que existe, com a concorrência internacional, é preciso fazer um balanceamento de tudo isso, até onde se pode ir”, afirma Vieira Lopes.
Por seu turno, a CGTP entende que pensar no assunto implica alterar a proposta que o Governo tem agora em concertação social, no âmbito da lei laboral, “que perpetua a precariedade” e põe em causa a contratação coletiva. Arménio Carlos defende antes a redução do horário semanal para 35 horas ou o fim generalizado da figura de banco de horas, por exemplo.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Trabalho e família? Patrões discutem, mas falam em ironia e “lógicas utópicas”
{{ noCommentsLabel }}