FMI mais otimista no défice e menos no PIB para 2018
O FMI reviu em baixa a meta do défice para este ano face às previsões de abril, alinhando-a com a do Governo. A missão que esteve em Lisboa pede contenção nos salários do Estado e nas pensões.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a previsão de défice para este ano e piorou ligeiramente a projeção de crescimento económico. No comunicado publicado esta terça-feira, a equipa do FMI que esteve em Portugal ao abrigo do artigo IV, alinhou os números com Lisboa.
Em abril, o Fundo apontava ainda para um défice de 1% este ano, mas os trabalhos técnicos desenvolvidos no terreno em maio permitiram acreditar numa meta melhor.
“Para 2018, a atenção dada ao controlo da despesa e o momento que a economia atravessa faz com que a previsão de uma meta de défice de 0,7% seja viável”, diz o FMI no comunicado.
Em abril, o FMI apresentou uma previsão de défice de 1% do PIB, no Fiscal Monitor, um relatório centrado na condução da política orçamental. Esta projeção foi revelada uns dias depois da apresentação do Programa de Estabilidade, onde o Governo tinha revisto em baixa para 0,7% a meta do défice.
No comunicado, o Fundo é elogioso para o trabalho do Governo ao salientar que o saldo estrutural primário — que desconta as medidas extraordinárias, o efeito do ciclo económico e os juros – foi positivo no ano passado pelo “sexto ano seguido”, tendo-se reforçado em 0,4% do PIB face a 2016.
Ao mesmo tempo que melhora a meta orçamental, o Fundo reviu em uma décima da previsão de crescimento para este ano, de 2,4% para 2,3%, colocando desta forma a previsão no mesmo patamar da do Executivo. Uma revisão em baixa que resultou do número preliminar do PIB para o primeiro trimestre.
Riscos internos e externos
No comunicado, o Fundo lembra a incerteza política e nos mercados financeiros verificada nos últimos meses. Factos que lembram que as condições externas “podem tornar-se menos favoráveis” para uma economia aberta, como Portugal.
O FMI avisa que se a economia da zona euro fraquejar, a economia portuguesa pode ser “significativamente afetada”. Tendo em conta o elevado grau de endividamento no conjunto da economia, uma surpresa no mercado da dívida “pode ter um impacto nos fluxos financeiros e na atividade”.
E lembra que o principal risco interno está em “pressões que provoquem uma erosão nos esforços feitos no passado em algumas políticas”, que ajudaram na atual recuperação.
Aviso nas pensões e nos salários do Estado
A um ano das eleições legislativas — e quando o Governo começa a desenhar o último Orçamento do Estado da legislatura –, a instituição liderada por Christine Lagarde deixa um alerta sobre duas das maiores fontes de despesa no Estado. “Conter o crescimento da folha salarial na Administração Pública e a despesa com pensões é a chave para manter o crescimento da despesa moderado ao mesmo tempo que se protege a qualidade dos serviços públicos e do investimento público.”
O Governo ainda não decidiu se no próximo ano os salários na Função Pública serão atualizados, depois de dez anos de congelamento, mas o primeiro-ministro, António Costa, já defendeu que prefere aumentar o número de trabalhadores do que as remunerações, até porque a maioria dos funcionários públicos vai beneficiar de um ganho salarial este ano e no próximo graças ao descongelamento das progressões nas carreiras.
As projeções do FMI para a economia portuguesa
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