Novo Banco: BCP e BPI falham critérios
Os dois portugueses na corrida ao Novo Banco poderão ficar pelo caminho. Propostas não cumprem caderno de encargos.
O BPI e o BCP apresentaram uma proposta para a compra do Novo Banco que, contudo, não deverá cumprir o caderno de encargos estipulado pelo Banco de Portugal.
Formalmente o BPI terá entregue uma proposta, mas na substância não será uma proposta firme correspondente ao caderno de encargos exigido pelo Banco de Portugal, apurou o ECO.
Fontes próximas ao processo adiantam que da proposta do BPI não consta, por exemplo, qualquer preço.
O eventual afastamento do BPI do processo de compra do Novo Banco não surpreende na medida em que o principal acionista do banco liderado por Fernando Ulrich, o CaixaBank se tinha mostrado pouco entusiasmado com a operação.
A Bloomberg chegou mesmo a avançar que os catalães, que têm em cima da mesa uma oferta pública de aquisição (OPA) sobre o BPI, se iam opor à compra do Novo Banco pelo BPI. Mas por cá, Fernando Ulrich e Santos Silva demonstravam interesse na operação, com o chairman do banco a afirmar no dia da desblindagem dos estatutos que o BPI “está a estudar seriamente essa operação e vai continuar a estudá-la e a tomar decisões”.
Já o BCP, como noticiou o Jornal de Negócios terá enviado a mesma carta que tinha enviado a 30 de julho ao Fundo de Resolução, onde era indicada uma declaração de vontade de analisar o negócio.
Na corrida ao banco liderado por António Ramalho estão ainda os fundos Lone Star e Apollo/Centerbridge. A private equity Lone Star terá entregue uma proposta vinculativa, como avançou a Bloomberg durante a tarde de sexta-feira. Procedimento idêntico terá tido a Apollo, que já controla a Tranquilidade e a Açoreana. Ambas as propostas deverão caber no procedimento de venda estratégica.
Por último a China Minsheng terá também apresentado uma proposta firme, se bem que neste caso para o procedimento de venda em mercado.
Ao final do dia, o Banco de Portugal deu conta através de comunicado que tinha recebido cinco propostas para a compra do Novo Banco. No comunicado podia ler-se que “O Banco de Portugal recebeu cinco propostas no âmbito dos dois procedimentos de venda — procedimento de venda estratégica e procedimento de venda em mercado — cuja análise agora se inicia à luz dos critérios estabelecidos nos respetivos cadernos de encargos, divulgados no passado mês de abril”.
O comunicado não refere o nome dos interessados nem especifica se as propostas são vinculativas.
O processo segue agora para as mãos da equipa de Sérgio Monteiro, cujo contrato foi prolongado até ao final de janeiro, data em que se pensa que o processo estará concluído. Sérgio Monteiro quer assegurar que o comprador tem um plano e condições para reforçar os rácios de capital do Novo Banco, respondendo às exigências regulatórias impostas pelo Banco Central Europeu.
Depois da análise do Fundo de Resolução, acionista do Novo Banco, esta será reencaminhada para o Governo, cabendo a António Costa a decisão final. Banco de Portugal e Governo quererão ter o dossiê fechado no final do ano, ou o mais tardar em janeiro de 2017, até porque a operação fica ainda sujeita ao escrutínio do Banco Central Europeu e da Direção Geral da Concorrência da União Europeia. O vendedor já injetou no Novo Banco 4,9 mil milhões de euros, dos quais 3,9 mil milhões de euros financiados pelo Estado.
O Novo Banco terá que ser vendido até Agosto de 2017, caso contrário como já admitiu o primeiro-ministro o banco terá que ir para liquidação.
O Novo Banco foi constituído em Agosto de 2014, depois do Banco de Portugal ter tomado o controlo do BES e de ter procedido à separação da instituição em duas entidades distintas: o bad bank onde ficaram os ativos tóxicos do banco e o banco de transição onde ficaram os ativos considerados não problemáticos.
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