Rui Rio: “O discurso do milagre económico é uma aldrabice política”
O líder do PSD acusou o atual Governo de não dizer a verdade e não cumprir as suas promessas e de apenas aproveitara conjuntura económica internacional sem nada fazer para os bons resultados.
Rui Rio esteve esta terça-feira, na Guarda, nas Jornadas Parlamentares do PSD e apontou aquelas que considera serem as grandes falhas de governação. O líder do Partido Social Democrata afirmou que, apesar de ainda não ter conseguido elucidar 100% dos portugueses, considera que entre 60% a 80% já perceberam “a aldrabice do milagre económico, que não é milagre nenhum”.
“Durante o primeiro ano, 2016, embalados com o pós-troika, lá foram fazendo o discurso que as coisas estavam muito mal e agora já está tudo muito bem. Esse discurso vem à boleia, primeiro, daquilo que tinha sido feito antes e, depois, da conjuntura económica”, explicou, em declarações transmitidas pela RTP3.
Rui Rio acusou o atual Governo de não dizer a verdade e de voltar a fazê-lo com os professores. “O Governo prometeu e, se prometeu, deveria cumprir. Se sabia de antemão que não podia cumprir, nunca se deveria ter comprometido”, disse. O que está em causa é o descongelamento das carreiras dos professores, e a contagem de todo o tempo de serviço (nove anos), promessa feita pelo Governo e que os docentes querem ver cumprida.
“Quem nasce em Lisboa tem mais oportunidades”
A descentralização e o excesso de concentração da população e dos serviços nas grandes cidades foi outra das bandeiras do discurso de Rui Rio na jornadas parlamentares do PSD. Rui Rio considera que, ao longo do ano, Portugal falhou porque não contrariou aquilo que era a tendência natural. “Tivemos políticas que ainda concentraram mais e que ainda centralizaram mais”, afirmou.
“Temos um país onde a área metropolitana de Lisboa tem dificuldade por excesso de concentração e, depois, um país fora da área metropolitana que, por falta de concentração, não se consegue desenvolver. Isto é da responsabilidade de 20, 30 ou 40 anos de governação que não interveio de acordo com aquilo que deveria ser feito”, justificou. Para Rui Rio, o país ainda vai a tempo de melhorar no que diz respeito a esta questão, mas o líder do PSD tem muitas dúvidas se Portugal será, algum dia, um país equilibrado.
No acordo que o PSD assinou com o Governo, relativamente à descentralização, o primeiro pilar é a passagem de competências para as autarquias. O líder democrata afirma que defender o interior passa por dar mais poder de gestão a quem está mais próximo, ou seja, a passagem de competência para as autarquias locais. “É fundamental capacitar o interior para aumentarmos a sua competência”, disse. No entanto, para Rui Rio, este princípio só faz sentido se for para reduzir a despesa pública.
Ai, “se não fosse o PSD…”
A entrada da Santa Casa da Misericórdia no capital do banco Caixa Económica Montepio Geral também marcou o discurso. Rio salientou que foi graças ao PSD que o negócio ainda não foi concretizado. “Se não fosse a posição do PSD, hoje, seguramente, que a Casa da Misericórdia já estava no capital do Montepio”. Para o líder, o país ficou a ganhar com a atuação do Partido Social Democrata. Esta entrada tem enfrentado a oposição do presidente do PSD e foi, aliás, o tema escolhido para a estreia de Fernando Negrão enquanto líder da bancada parlamentar do PSD.
Rui Rio falou, ainda, em reformas na Justiça e na política de natalidade. A proposta que o PSD está a elaborar para a reforma de Justiça será “feita por todo o país”. E o líder social-democrata tem consciência de que “o consenso é impossível, quando se vai fazer qualquer cosia séria”. “Mas procuramos um consenso o mais alargado possível”, adianta.
Já, quanto aos apoios à maternidade, o líder do PSD considera que o apoio ao segundo filho é muito mais relevante do que o apoio ao primeiro filho. Recorde-se que o PSD propôs o pagamento de dez mil euros pelo nascimento de uma criança, no âmbito da sua proposta de apoio à natalidade. No que toca à licença de maternidade, a divisão deve ser obrigatória entre mãe e pai. “Assim, quando o empregador pensar que a mulher vai engravidar e vai ter de ir alguns meses para casa, também vai olhar para o pai, que pode também ter de ir para casa durante meses”, explicou.
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