Santa Casa formaliza entrada no Montepio. Compra de 2% “é uma gota de água”, diz Tomás Correia
A Santa Casa formalizou a entrada no Montepio, num investimento inicial de 75 mil euros. A este valor vai ainda juntar-se o das restantes 50 entidades. Posição chega a 2% até ao final do ano.
A Associação Mutualista, dona do Montepio, já formalizou a entrada da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) no capital do banco liderado por Carlos Tavares. Isto num investimento inicial de 75 mil euros da Santa Casa, valor que vai aumentar com a participação das outras 50 misericórdias e entidades sociais que mostraram interesse em participar nesta operação, através da qual vão ser alienados até 2% do Montepio, até ao final do ano. Apesar de ser uma participação “simbólica”, o presidente da Mutualista garante que isso não se traduzirá num menor poder de intervenção no banco.
“Obviamente que 2% [no Montepio] é uma gota de água”, afirma Tomás Correia na cerimónia que oficializa a entrada da SCML e de outras misericórdias e entidades sociais no capital do Montepio, uma operação que defendem ser necessária para a criação de um banco da economia social. Ao todo, vão ser vendidos até 2% do banco, uma operação que vai ficar concluída até ao final do ano, explica.
“A venda vai ser feita ao valor nominal”, diz Tomás Correia. Ou seja, um euro por cada ação. E isto “com base num capital social do Montepio avaliado em 2.400 milhões de euros”.
Contudo, o presidente da Associação Mutualista explica que não é pelo facto de as entidades entrarem com uma participação “simbólica” que não vão ter poder de decisão em relação à estratégia do banco. “O facto de as participações poderem ser simbólicas, isso não significará uma menor capacidade de intervenção de todos os acionistas”, refere Tomás Correia. “Não faz sentido que uma instituição desta natureza funcione numa lógica de que quem tem mais capital toma as decisões. Vamos, numa base de igualdade, discutir e encontrar melhores soluções.”
"Obviamente que 2% [no Montepio] é uma gota de água. Mas o facto de as participações poderem ser simbólicas, isso não significará uma menor capacidade de intervenção de todos os acionistas.”
Quanto à possibilidade de a SCML e as outras entidades virem a ter assento na administração do banco, Tomás Correia diz que é preciso esperar pelo resultado desta operação. E explica que estas vão estar presentes noutros órgãos, como é o caso de um conselho estratégico, uma assembleia de representantes e ainda em reuniões periódicas.
Santa Casa entra com 75 mil, União das Misericórdias com 5 mil
Além da Santa Casa, que vai entrar com apenas 75 mil euros, juntam-se ainda outras 50 misericórdias e outras entidades da economia social. De acordo com Manuel Lemos, presidente da União das Misericórdias, esta entidade vai entrar com 5 mil euros. Em relação ao investimento total, esse valor ainda está por definir, explica Tomás Correia., que não exclui a possibilidade de alienar até 2% do Montepio por 38 milhões de euros até ao final do ano.
“São 50 instituições de várias famílias da economia social. Mas sabemos que este número vai crescer porque [é um projeto] para todas as instituições”, nota Tomás Correia, garantindo que o número de interessados vai aumentar.
Foi na quinta-feira que os conselheiros da Associação Mutualista deram luz verde à entrada da Santa Casa no capital do Montepio. Isto depois de o Governo ter, também, aprovado esta operação. Isto apesar de todas as críticas ao investimento da entidade.
Inicialmente, previa-se que a Santa Casa pudesse avançar com a compra de uma posição até 10% do capital do banco, participação que teria um custo estimado de 200 milhões de euros. Perante as críticas à operação, e depois de os partidos terem aprovado uma recomendação no sentido de o Executivo travar este investimento, a SCML e as outras misericórdias e IPSS passaram a compradores de uma participação até 2%.
(Notícia atualizada às 13h18 com o investimento da União das Misericórdias)
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