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Lá dentro debatia-se, lá fora gritava-se que a lei laboral “só traz mais precariedade”

As alterações propostas à legislação do trabalho não são consensuais, e motivaram uma manifestação dos trabalhadores em frente à Assembleia da República, onde estiveram a ser discutidas.

Ao mesmo tempo que se discutia no Parlamento as alterações à lei laboral, milhares de manifestantes juntaram-se em frente à Assembleia da República para protestar precisamente contra essa revisão que, gritavam, vai trazer ainda mais precariedade para os trabalhadores.

Alfredo Falcão, trabalhador da autarquia do Barreiro, deslocou-se para Lisboa porque acredita que este acordo “ainda vai aumentar mais a precariedade”. É um dos funcionários desta Câmara que vieram em conjunto em várias camionetas, porque “há uma série de alterações com que não estamos de acordo”.

Uma das alterações mais contestadas foi o aumento do período experimental, de três meses para seis, que muitos trabalhadores acreditam beneficiar apenas os patrões. “Um maior período experimental vai significar mais precariedade e só dá vantagens ao patronato”, apontou Alfredo.

“Há uma enorme contradição na política deste governo, porque por um lado valoriza-se a inexperiência para manter a precariedade, e não valoriza a experiência para promover o desenvolvimento salarial dos trabalhadores numa carreira”, defendeu Marco Jacinto, que é técnico de diagnóstico e terapeuta do Hospital São José.

Na multidão viam-se vários jovens a envergar cartazes. “Eu sou trabalhador precário desta nova geração que não tem nem contratos nem perspetiva de futuro, e está a lutar para alugar um quarto”, conta Gonçalo. O jovem explica que está a trabalhar dois part-time, um deles a cuidar de uma pessoa com uma deficiência mental, para conseguir ganhar o salário mínimo.

Hugo Gonçalves, eletricista, é da opinião que “tem de se valorizar mais a contratação coletiva, e diminuir a jornada de trabalho, não só para a Função Pública mas para todos os trabalhadores, que hoje em dia sabemos que é possível”.

Mas nem todos estiveram lá por uma luta própria. Irene Santos, reformada, foi para defender os interesses dos trabalhadores. “Já estou reformada, mas tenho filhos jovens que andaram a estudar para receber salário mínimo“, contou a antiga trabalhadora fabril. Dos dois filhos, um trabalha em marketing e outro numa fábrica de rolhas, recebendo os dois a compensação mínima permitida.

A medida que pretendia terminar com o banco de horas individual também motivou oposição. “A única forma dos trabalhadores dizerem não ao banco de horas era através do acordo individual, que vai ser anulado. O que fica é o banco de horas grupal, no qual os trabalhadores que não queiram fazer são arrastados”, argumentou António Moreira, dirigente sindical da CGTP de Coimbra.

Foram seis autocarros de Coimbra, com trabalhadores e dirigentes sindicais, “deixar um grito de alerta de que ter trabalho não pode ser a qualquer preço, há direitos e regalias conquistados com muito suor”, explicou António.

Jerónimo de Sousa, do PCP, e Catarina Martins e José Soeiro, do Bloco de Esquerda, também marcaram presença na manifestação.

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